DEPECHE MODE - HISTORY - PART II


O Depeche Mode em 83: Martin, Dave, Alan e Andrew.

Construction Time Again, o LP de 83 inaugura uma tomada ideológica na carreira da banda, cuja capa apresenta um operário empunhando um martelo, que faz uma dupla interessante com a camponesa com uma foice na mão, capa de A Broken Frame, o álbum anterior, sugere um flerte com a esquerda socialista européia. O visual também muda radicalmente. De garotos bonitinhos e bem arrumados passam a adotar vestimentas de couro bem agressivos, lembrando muito personagens de filmes sobre a Alemanha pre-nazista. Martin também gostava de usar vestidos e langeries, fazendo a ponte new romantic / radical. O som da banda passa por uma profunda transformação, onde eles adotaram elementos de musica industrial, com ruídos pesados e muito bem estruturados, o technopop dando lugar as experimentações colocam o Depeche entre as dez mais (Top Ten) da parada inglesa emplacando o hit "Everything Counts" e alcançando o sucesso nos países do extremo oriente, indo excursionar no Japão e China.

Some Great Reward, de 84, marcaria ainda mais a guinada de imagem do Depeche Mode. Recheado de letras polemicas como a sadomazoquista "Master and Servant" e "Blasphemous Rumours" que e uma reflexão sobre a religião a partir do suicídio de uma garota causa represálias por parte dos mais conservadores. Alan declararia a imprensa: "...nos não fazemos mais musicas simplesmente para dançar!". A partir de então Martin Gore passa a voltar suas composições para três assuntos cada vez mais presentes em sua musica: Amor, Sexo e Religião. Em certa ocasião ele declararia a sua fascinação pelos assuntos sado-maso.

O ápice do grupo acontece com o enorme sucesso de "People are People", que atravessa o oceano e faz com que o Depeche Mode alcance os primeiros lugares na parada americana. Segue-se uma coletânea de mesmo nome e mais um single, "Get the Balance Right".

Em 1985 o grupo resolve dar um tempo das turnes e lançam Catch Up with Depeche Mode, mais conhecido como The singles 81-85 que reúne os seus maiores sucessos ate então e se trancam em estúdio.

No ano seguinte vem ao mundo Black Celebration, para muitos considerado o melhor trabalho do grupo, que foi o primeiro lançado simultaneamente no Brasil, marcado por uma clima "dark" e experimental em varias faixas. Nele o grupo faz questão de provar que estão em franca evolução musical, inclusive pela presença da minimalista "It doesn t matter two", lembrando muito as obras de Phillip Glass. Destaque para "Black Celebration", a faixa titulo e "Stripped". Tamanha a repercussão deste trabalho que na turne americana para promover o disco, os ingressos chegavam a se esgotar 15 minutos após serem colocados à venda.

A popularidade do Depeche Mode ao redor do mundo já era tamanha. Eles descobriram o quanto excitante eram os concertos ao vivo e decidiram levar isso para o estúdio. Certa vez perguntado ao Andrew como se deu o processo de crescimento da banda, ele verbaliza: "No começo, nossos discos eram um pouco leves. Eles pareciam contrastar com nossas performances ao vivo, onde sempre tocamos muito alto. Os shows eram super excitantes mas, quando tentávamos passar isso para o disco não funcionava e ficávamos quebrando nossas cabeças. Acho que depois de certo tempo conseguimos. E isso foi uma mudança importante".

O conceito que popularidade fica definitivamente estabelecido com o aclamado Music for the Masses, álbum de 87, cuja proposta era levar para os quatro cantos o pop mais sofisticado do planeta. São vários os hits extraídos deste álbum. No Brasil, "Strangelove" e "Never let me Down Again" fizeram um enorme sucesso, sendo exaustivamente tocada nas rádios e nos clubes. Só para se ter uma idéia são inúmeros os remixes feitos para "Strangelove". Para os contemporâneos dos áureos anos 80 fica sem duvida nenhuma a lembrança das festas onde se podia ouvir este clássico do tehcnopop. Gravado em Paris, MFM reafirma a intenção do grupo em fazer musica pop para as massas, mas sem ser pasteurizado.

O Depeche Mode não para e parte para uma das mais ambiciosas turnes pelos EUA, tocando em inúmeros estados para um publico recorde de mais de meio milhão de pessoas. Eles decidem portanto, registrar isso em forma de filme e contratam D. A. Pennebaker, responsável por filmar grandes nomes como Bob Dylan e o festival Monterey Pop, para a direção do longa metragem. O registro e do 101º show da banda, encerrando assim a mega-turne. Paralelamente, mostra um grupo de jovens que atravessam o pais para ver a apresentação do grupo. 101 foi lançado no Festival Internacional de Berlim e obteve bastante sucesso, principalmente pelo lançamento do álbum duplo de mesmo nome. Nele estão registrados os maiores sucessos da banda ao vivo num só show memorável e inesquecível, com grandes momentos de emoção e uma atuação impecável da banda, culminam no clímax da carreira dos moldes.

Chegamos aos anos 90, com um Depeche Mode mais maduro e envolto de conflitos pessoais "violando" os seus próprios limites...

Part III - Continuação

Marcelo P@stel


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