Por onde anda a Catherine Deneuve?



Filha do ator de teatro Maurice Dorleác e irmã da também atriz Françoise Dorleác, a francesa Catherine Deneuve teve a arte presente em sua vida desde o berço, iniciando a sua carreira cinematográfica muito cedo. Quando tinha treze anos (1956), já estrelava pequenas produções de Roger Vadim – cineasta que também foi responsável por descobrir o talento e iniciar a carreira no cinema de Brigitte Bardot. Sua ascensão e firmamento como uma das atrizes mais relevante do cinema da segunda metade do século XX veio, contudo, somente em 1964, quando a atriz interpretou a jovem Geneviève em “Guarda-Chuvas do Amor”, um drama musical dirigido por Jacques Demy.

Ainda na década de 1960, a então jovem atriz francesa brilhou nas telas interpretando Julie Roussel, contracenando ao lado de um dos maiores atores da Nouvelle Vague, Jean-Paul Belmondo, no drama “A Sereia do Mississipi” (1969), de François Truffaut, que fora abertamente baseado no romance “Waltz into Darkness”, do escritor norte-americano Cornell Woolrich. Já no início da década de 1970, mais trabalhos de Deneuve contribuíram para que ela fosse eternizada como uma das grandes atrizes do século passado, um deles foi quando viveu a personagem “Tristânia” no filme homônimo do gênio espanhol Luis Buñuel. Ainda em 1970, num segundo trabalho com o cineasta Jacques Demy, Catherine eternizou uma doce princesa em “Pele de Asno”.

A beleza, a elegância, a classe e o incomparável talento da filha de Maurice Dorleác, renderam-lhe conquistas que se estenderam além dos limites das telas do Cinema. Deneuve tornou-se a musa da alta costura francesa, além do rosto oficial da marca de perfume “Chanel 5”. Como se não bastasse, as feições de Catherine passaram a servir como modelo para a efígie cunhada nas moedas e nos selos oficiais da França – posto esse que, anteriormente, pertencera a Brigitte Bardot.

Na década de 1980, a carreira de Catherine desdobrou-se de maneira muito impactante no imaginário do público e seguiu galgando grandes méritos. E isso não se deu somente ao seu segundo trabalho com Truffaut, “O Último Metrô (1981), que lhe rendeu um prêmio “César”, mas sobretudo pelo papel da enigmática, sedutora e sombria vampira bissexual Miriam Blaylock, em “Fome de Viver”(1983) do jovem e ainda pouco conhecido cineasta, irmão mais novo de Ridley Scott, Toni Scott. Nesse filme Deneuve dividiu a tela com o lendário David Bowie e sua personagem segue até hoje como uma das principais referências das subculturas gótica e post punk.

Apesar da incontestável relevância nas produções cinematográficas, a atriz só foi notada pela “Academia” em 1993, quando viveu “Eliane”, no drama histórico “Indochina”, de Regis Wargnier. Apesar de ser uma das favoritas para o prêmio de melhor atriz, Emma Thompson foi quem acabou sendo escolhida. No ano 2000 a atriz chama a atenção por sua participação no perturbador drama musical de Lars Von Trier, ganhador da “Palma de Ouro” em Cannes, “Dançando no Escuro”, dando vida à melhor amiga e confidente da protagonista, interpretada pela cantora islandesa Bjork. Em 2008, Deneuve recebeu uma indicação ao prêmio “Satellite,” pelo seu notável desempenho em “Um Conto de Natal”, do cineasta francês  Arnaud Desplechin.



Em sua vida pessoal, Catherine já foi casada com o aclamado fotógrafo britânico David Bailey, que serviu de inspiração para o protagonista da obra prima de Michelangelo Antonioni, “Blow Up”, de 1966. Posteriormente, num romance entre Deneuve e o mais do que icônico ator italiano Marcello Mastroianni, nasce sua filha Chiara-Charlotte Mastroianni, em 1972, que fazendo jus ao consagrado legado de seus pais, abraça também a carreira nas artes cênicas.

Entramos no ano de 2018 e Catherine Deneuve, em pleno seus 74 anos, seis décadas após sua incursão na Sétima Arte, ainda conserva com plenitude sua beleza única e brinda-nos com o seu talento incomparável, contando já com duas produções que participou a serem lançadas neste ano. A atriz parisiense escreveu seu nome nos círculos mais eruditos do cinema, trabalhou com os maiores cineastas; tornou-se símbolo absoluto de beleza e elegância, além de ter influenciado largamente a cultura pop, fatos estes que conferiram à Catherine Deneuve uma biografia que se equipara, senão supera, muitos dos filmes que estrelou e que merece ser sempre lembrada.


09/01/2018 - Rapha Mussato

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