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Por onde anda o pessoal do Tek Noir?
 

O synthpop também chegou ao Brasil nos 80 e um dos grupos que conseguiu ser mais fiel ao estilo foi o Tek Noir. Essa banda foi formada por Marcelo Donolo e Filippo por volta do ano de 88. Eles se apresentavam ao público com nomes britânicos: Mark Rhiley era o nome utilizado pelo tecladista Marcelo e Philip Ashley pelo vocalista e guitarrista Filippo.



As músicas eram cantadas em inglês e o repertório incluía algumas canções covers de bandas como Depeche Mode e Front 242. Inclusive na primeira passagem do Information Society pelo Brasil, Mark e Philip foram chamados para abrir o show do grupo americanono Ginásio do Ibirapuera em São Paulo. Fizeram vários shows em São Paulo na tour do primeiro álbum, incluindo casas como a Playboy, nosso amigo Marcos Vicente, fã dedicado da banda, frequentou mais de 20 shows do Tek Noir entre 1989 e 1990, ainda na fase em que a Mônica Negri colaborava nos backing vocals da banda, entre suas músicas próprias podíamos ouvir vários covers maravilhosos dos 80, feitos com maestria, como Will You Be There do Celebrate the Nun, Just Can't Get Enough do Depeche Mode e Don´t Crash do Front 242 (tocado inclusive na apresentação nos estúdios do programa Novas Tendências, no especial Tek Noir no NT 30, 30 minutos só de Tek Noir em um dos principais programas de música alternativa na rádio brasileira, que era transmitido pela 89 FM na época e Fluminense no Rio de Janeiro. Neste programa além de versões 12" (extended) do primeiro álbum (que nunca foram lançadas oficialmente, fariam parte de um segundo álbum, com remixes do primeiro, no estilo Disco do Pet Shop Boys), tocaram também algumas músicas que seriam lançadas no segundo álbum, como a maravilhosa Falling in My Arms, que já faziam parte dos shows de 1990!

O primeiro disco do Tek Noir intitulado ‘Alternative’, contou a produção de Mark Brydon (que produziu bandas com Cabaret Voltaire e Yazz) e Dino Vicente. O trabalho foi lançado pela Stiletto e chegou às prateleiras das lojas de discos em 1990.

Para os fãs do alternativo e de artistas como Depeche, Celebrate The Nun eFront, o trabalho causou admiração e foi bem recebido. Entretanto, alguns jornalistas fizeram criticas maldosas, como foi dito por um crítico da revista Show Bizz que o disco só era recomendado para “atrasadinhos”, mais precisamente André Forastieri, o que causou uma chuva de cartas de protesto do fã-clube, na época dirigido pelo Marcos Vicente, que já era DJ do Espaço Harry, onde In the Name of the Father era a número 1 da principal pista technopop/EBM da noite paulistana da época. No Autobahn, formado poucos anos Tek Noir continuou sendo uma das bandas mais tocadas por mais 5 anos, até meados de 1998.

No geral, parece que o Brasil não estava preparado para receber uma banda como essa. Em 1993, Mark e Philip lançaram o álbum ‘Destination’. O segundo álbum saiu pelo selo Dance Xplosion numa produção mais independente. E desde então, não produziram mais nada novo, encerrando as atividades em conjunto.

Em uma entrevista de 2010 que circula na internet, Marcelo comentou que o Tek Noir encerrou as atividades porque a gravadora Stiletto não cumpriu algumas coisas que prometeu na época, além da falta de marketing. Então os integrantes resolveram tentar outras coisas. Após o fim da banda, Donolo se mudou para os Estados Unidos.

Atualmente ele ainda reside nos EUA e trabalha na The World Bank, instituição financeira internacional que fornece empréstimos para países em desenvolvimento em programas de capital. Paralelamente, de uns tempos pra cá, o ex-tecladista retomou solo o projeto Khommand 45.

Pra quem não conhece, esse projeto foi formado há alguns anos por Mark Rhiley e Marcos H. de Mello (Marcus Porps) e o estilo das músicas era mais voltado para o EBM (electronic body music) e industrial. Em 1991, a faixa “Battle Zone” desse trabalho foi lançada na coletânea ‘Minimal Synth Ethics 1’ pelo extinto selo brasileiro Cri Du Chat Disques. A coletânea incluiu outros artistas do cenário nacional como Harry, Símbolo e Individual Industry.

Segundo o ex-tecladista do Tek Noir, o Khommand também trabalha com produções de outros grupos e está fazendo demos. O estúdio fica em um prédio em Washington, EUA. Já sobre o vocalista Filippo, não há muita informação na web. Na mesma entrevista concedida em 2010, Donolo disse que o ex-colega está no meio musical trabalhando em uma gravadora, mais precisamente na Paradoxx, que tem um catálogo bem mais pop, embora graças ao Filipo, tenha relançado os álbuns Speak and Spell, Construction Time Again e Some Great Reward em CD.

PS: Agradeço ao Gui Silva por ceder gentilmente as matérias sobre o Tek Noir que foram publicadas na revista Show Bizz.

Taccy Mikulski


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