ART OF NOISE - HISTÓRIA

Nada mais nada menos que a terceira banda a usar sampler na história da música. Depois claro de Kraftwerk e Yello. Sem dúvida eles são exatamente o que diz no rótulo, é só olhar o rótulo pra ver o conteúdo. Nem precisa se estender muito para explicar uma banda que o próprio nome já diz "A Arte do Barulho", ou Ruído se alguém preferir. O nome é inspirado num manifesto futurista italiano L'arte Dei Rumori. Uma banda de produtores. Os grandes produtores e arranjadores de technopop do início dos anos 80 resolvem fazer uma banda. Imaginem... e depois é só ver os resultados, a banda de Synthpop mais experimental. Com samples e arranjos diversos, de técnicos de estúdio e produtores à músicos. Algo como pegar aqueles discos antigos da BBC (quem não lembra deles?) com efeitos sonores de trens, carros, explosões, socos, carruagens, sirenes, tiros, climas tétricos, catedrais e colocar numa música. Sim foi o que eles fizeram, claro que não usaram esses discos, mas as fitinhas que preparavam de efeitos para aparecer nos discos do Malcolm McLaren, ABC e Human League, entre outros que eles produziam antes e durante a existência da banda. Na verdade no começo em 83, o Art of Noise iria ser apenas um projeto experimental, uma brincadeira de efeitos de estúdio e samples. Mas logo empolgou o público e Anne Dudley, Gary Lanagan e J.J. Jeczalik resolveram fazer o projeto virar banda. Os 3 trabalhavam com o produtor Trevor Horn, que inclusive participou como integrante da banda nas primeiras gravações, os 3 eram nada mais nada menos que funcionários da ZTT, uma das principais gravadoras de Synth Pop do mundo. Art of Noise pode ser definido desde então como Technopop, Synth Pop ou até techno experimental. Fitas pré-gravadas, rítimos programados, sintetizadores e vários samples. Buscam sua principal influência no Kraftwerk, além do rock e hip-hop mais antigo. Criam com seus efeitos sonoros, rítimos incomparáveis e climas maravilhosos. Da-lhe Smapler! Chamados até de banda pós moderna... A base de muito eletrônico experimental nos anos 80.

Dudley era o líder da banda, ele que produziu e arranjou os discos do Frankie Goes to Hollywood, ABC. Lançam seu primeiro EP em 83. Into Battle with the Art of Noise é o começo da experimentação e mostra o que produtores e técnicos podem fazer com uma banda própria e seus rítimos pré-programados, além da infinidade de fitas de efeitos sonoros e samples. De onde pode-se extrair algumas pérolas como Beat Box e uma das músicas mais maravilhosas da história: Moments in Love. Seguem-se então vários singles e EPs. Em 1984 lançam seu primeiro álbum (Who's Afraid Of?) The Art of Noise!, de onde aparece um de seus grandes sucessos - Close to the Edit que acaba em 3 singles diferentes com n versões espalahadas por aí (até uma japonesa), atingindo o 1º lugar na Billboard. Então com o sucesso à flor da pele e quando finalmente decidem continuar como banda, abandonam seus empregos e partem para a carreira de músicos finalmente. Rompem com a ZTT, onde trabalhavam e assinam com a China/Chrysalis. E então disparam sucessos na parada britânica e pela primeira chegam ao top ten inglês com Peter Gunn (que aliás ganhou um Grammy de melhor música), com a participação especial de Duane Eddy nas guitarras, introduzindo um acústico na banda, mas de leve, que é pra não fugir do maravilhoso Synth Pop que fazem, o álbum dessa nova fase é In Visible Silence de 86. Posso até admitir que é um dos meus preferidos da banda. Pode-se dizer até Completo. Um álbum completo. Então sai a primeira coletânea com versões inéditas, remixes e algumas faixas ao vivo: Re-works of the Art of Noise, Em 1987 o AON começa a experimentar mais ainda e introduz orquestras e coros em suas músicas, o que (além deles o único a fazer isso foi Malcolm McLaren em Fans) poderia ser chamado mais tarde de Techno orchestral. O álbum é In No Sense? Nonsense!, que conta também com sonoridades acústicas também. Anne nessa época se casa com Roger Dudley engenheiro do Aon.

Finalmente em 88 o álbum que todo fã dos anos 80 deve ter em casa The Best of the Art of Noise, quando vi pela primeira vez achei que no Brasil havia saído errado e tinham mudado a cor da capa, pois pelo que tinha visto a capa era rosa e aqui era azul, muito tempo depois descobri que eram duas coletâneas diferentes, uma (a de capa rosa) com os singles em versões dos 7" e a outra (de capa azul) era com as versões em 12 " extendidas. Por incrível que pareça (numa das poucas vezes que isso acontece) no Brasil saiu a versão de capa azul, a coletânea dos 12". Melhor, pois aqui nunca tínhamos visto se quer um single deles. Só que não é como pode parecer, na verdade na versão brasileira da coletânea, a capa é da coletânea de 12", mas muitas músicas estão nas versões originais como na coletânea de 7" (capa rosa). Tom JonesLegacy, Beatbox, Close (to the Edit), Dragnet e Moments in Love, estão nas versões originais, um grupo dado pelos brasileiros, colocando essas músicas na versão da coletânea de 7" e apenas 3 da coletânea de 12". É Brasil, como sempre tentando enganar o consumidor. Como alguns de nós fãs já temos a versão original nos álbuns, esse álbum de singles 12" é um achado. Recomendo a todos novatos de Art of Noise esse álbum, o importado, pois o nacional como viram, não é um nem outro. Só muito tempo depois descobri que se referia a 2 coletâneas diferentes. Nessas coletâneas podemos ainda ver a colaboração especial de Tom Jones cantando Kiss do Prince, de 50 a 100 vezes melhor que o original, entre outros que também fizeram cover e ficou melhor que o original como a versão da banda Age of Chance. Essa união bizarra do Art of Noise com o Tom Jones e a música de Prince deu-lhes uma indicação ao MTV Awards, claro além do Top 5 britânico. Sem contar o que significa colocar num mesmo álbum Opus 4, Beat Box, Moments in Love, Peter Gunn, Close (to the Edit), Dragnet e Paranoimia, além de outras pérolas.

Em 1990 lançam Below the Waste, sua última aventura pelas experimentações eletrônicas do Synth. Dessa última a experimentação é a mistura de Synth pop com World Music. Sucesso de público e crítica. Para mim é desse álbum uma de suas melhores composições Island, uns podem até chamar de música pra sala de espera de dentista ou para música de fundo de elevador ou mesmo um dos hits da Escala FM de São Paulo, mas é uma música ambiental maravilhosa. Sem contar com a super Yebo! escrita no dialeto Zulu, muito diferente do que qualquer banda pop tinha feito, composta junto com Mahlathini e as Mahotella Queens. O Art of Noise começa então a separação. Anne disse na época "No começo éramos muito radicais, mas se tornou limitado demais".

Em 1991 um álbum remixado pela goth-synth-pop band Killing Joke encerra sua carreira The Ambient Collection. O próprio nome já diz tudo sobre a coletânea, um som bem ambient. Após esse álbum a banda deu adeus ao público, e então Anne Dudley começou a trabalhar com o Jaz Coleman líder do Killing Joke, juntos lançaram aquele super promo Ziggarats of Cinnamon/Habebe, além do cassete promocional Songs from the Victorious City. Desde então foram lançadas n coletâneas de todo gosto possível, mas a única coisa que podemos destacar é a coletânea Drum & Bass Collection que mesmo depois do fim da banda influenciou toda a geração dos mid 80's, para os fãs do genêro é uma boa pedida. Uma dúvida na cabeça de cada fã: por que será que os integrantes do Art of Noise, sempre aparecem usando máscaras nos clips e shows ao vivo? Será que bandas EBM entre outros não tiraram daí a idéia do hidden faces, tão marcante, escondendo os rostos, como máquinas, embora o do Art of Noise representasse mais o lado artístico das máscars. Membros ocultos.

Marcos Vicente

Bandas Relacionadas:

Propaganda, Yello, Kraftwerk, Gary Numan, Frankie Goes To Hollywood, Human League, Bronski Beat e Pet Shop Boys.


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