CULTURE CLUB - HISTORY


Poucos grupos dos 80 tiveram o sucesso, o impacto e a popularidade como os new romantics do Culture Club. Durante o início dos anos 80, o grupo emplacou vários hits nas paradas tanto do Reino Unido quanto dos Estados Unidos, bem como teve várias de suas músicas executadas em diversos países do mundo. A atitude, as letras que falavam de amor de uma forma ousada e diferente, revelando de forma explícita os rumorosos casos de amor de seu vocalista, Boy George, levava as pessoas a admirarem de forma diferente a música pop. Com mais lirismo, mais amor...

Mas não eram apenas as letras o diferencial da banda. Embora as músicas já tivessem nascido destinadas ao sucesso, outro aspecto chamava a atenção. As roupas e maneira como Boy George se maquiava, aumentavam o grau da postura das bandas New Romantics. Enquanto algumas bandas utilizavam maquiagem discreta, Boy George assim como Steve Strange do Visage, carregava no visual e se transformava em uma verdadeira mulher. Um prato cheio para a MTV, que adorou o visual, e o público que se identificou perfeitamente com o New Romantic. A influência da geração glitter que apenas tinha respingado em todas as outras bandas da new wave, tinha mais força no Culture Club e nos new romantics. Ao contrário do que a maioria pensava no início, toda essa indumentária não se tratava de jogo de cena ou estratégia de marketing. Essa era a postura real do líder da banda.

Apesar de ser uma banda que surgiu em meio ao movimento que revelou bandas como Duran Duran, Spandau Ballet e Visage, o Culture teve um sucesso mais instântaneo do que outras bandas da época. Esse sucesso instântaneo também se revelou efêmero, uma vez que a mesma MTV que celebrou o seu surgimento, acabou por deixar a banda de lado, em virtude das crises de Boy George. Os problemas pessoais entre os membros da banda e o envolvimento de Boy George com drogas causou a separação em 1985, deixando para trás, um rastro de clássicos new romantics lançados em pouco mais de 3 anos.

Boy George nasceu como George O’Dowd em 14 de junho de 1961, filho de um gerente de uma academia de boxe e de uma dona de casa. Na adolescência, ele se sentiu atraído pelo som da banda T. Rex, mais especificamente pelo líder desta banda, Marc Bolan, que levou à cabo os ensinamentos de David Bowie no que se refere ao glam rock. Boy admirava o jeito andrógino e maneira como Marc Bolan se apresentava, além de se identificar imediatamente com o som da banda. Boy também passou a consumir tudo o que se referia à fase Ziggy Stardust e Alladin Sane de David Bowie. Ele chegou a declarar em uma entrevista que, quando viu Bowie na capa do disco Alladin Sane, ter descoberto quem seria na verdade.

George era frequentador assíduo dos clubes e danceterias de Londres, entre elas, o Blitz, onde surgiu do movimento. Casas onde podiam-se ouvir aquelas bandas que iniciavam o New Romantic no final dos anos 70. Ali, ele tomava contato com bandas como ABC, Human League, Spandau Ballet, Visage, Ultravox e outras. Foi no Blitz que Boy George conheceu Marilyn e Martin Degville (que fundaria no meio dos anos 80 o Sigue Sigue Sputnik). George se tornou figurinha fácil nestes clubes e, graças as suas mais novas companhias que o levaram a mostrar seu estilo, acabou ficando conhecido também entre os estilistas. Foi assim que em 1981 George conheceu Malcom McLaren, que já tinha obitido sucesso com a criação do Adam and the Ants. Malcom, convidou George a integrar a primeira formação do Bow Wow Wow. George ficou poucas semanas na banda. George não estava gostando da maneira como Malcom ditava ordens e resolveu sair do grupo.<

Ele formou em seguida o grupo In Praise of Lemmings, onde conheceu o baixista Mikey Craig. Após a chegada do guitarrista Jon Suede, a banda mudou o seu nome para Sex Gang Children, o que lhes causou uma tremenda dor de cabeça no momento de apresentar a demo para as gravadoras. George conta que, em uma dessas reuniões, o executivo de uma gravadora ameaçou chamar a polícia acusando-os de pedofilia. Após alguns meses procurando bateristas, eles conheceram Jon Moss, baterista profissional que já tinha trabalhado em discos do Adam & the Ants e com o Dammed.

Devido à má recepção do nome da banda, eles decidiram mudar para Culture Club. Junto com essa mudança veio outra, a troca do guitarrista Jon Suede por Roy Hay que era ex menbro do Russian Bouquet. No fim de 81 eles apresentaram a sua demo para a EMI que recusou. No início de 82 procuram a Virgin Records, que enxergou o talento da banda e fechou um contrato com eles, lançando o single White Boy ainda no início daquele ano. A música não fez muito sucesso, assim como o outro single I’m afraid of me que também foi lançado naquele ano. Apesar da música da banda não ir bem, as revistas de moda comentavam cada vez mais sobre o vocalista da banda, que se vestia com excentricidade. No outono daquele ano, a banda lançou outro single: Do You Really Want to Hurt me que foi direto para o topo das paradas de sucesso no mundo inteiro, juntamente com Time (Clock of the Heart). Kissing to be Clever, o álbum de estréia, já alcançava os primeiros lugares também na vendagem de discos.

O segundo album, Colour by Numbers, foi lançado em 1983. Já nessa época eles eram a banda new wave mais tocada nos EUA e na Inglaterra. Karma Chamaleon, foi hit dos dois lados do Atlântico. Ainda em 1984, a banda lançou os singles It’s a Miracle e Miss me Blind que também foram hits. Em outubro de 1984 eles lançaram o terceiro álbum Wakin' up with the House on Fire. O primeiro single deste álbum foi The War Song que foi muito bem recebido pelos britânicos pois a música entrou direto no segundo lugar das paradas. Entretanto, nos EUA a situação foi inversa, com a música chegando apenas entre as 40 mais executadas. Embora a performance não tenha sido de todo má, a banda começou a sofrer pressões por parte da gravadora porque o segundo disco foi platina quádrupla, enquanto o último lançamento ainda não tinha atingido a marca de 1 milhão de cópias vendidas.

A banda sai em uma turnê curta pelos EUA em fevereiro de 1985. Após isso, cada integrante da banda procura fazer trabalhos paralelos para se verem livres das pressões na banda, menos o seu vocalista que está cada vez mais afundado na heroína e é manchete diária nos jornais tanto dos EUA como da Inglaterra. Além disso, o seu romance com o baixista Craig que até então tinha se mantido firme, começou a ser abalado devido às constantes crises de Boy George. Todos esses problemas ficaram evidentes quando a banda retornou no início de 1986 para lançar o single Move Away que fez um sucesso modesto em abril daquele ano, ficando apenas 5 semanas nas paradas de sucesso. Veio o quarto álbum From Luxury to Heartache, já sem o mesmo impacto, fruto da destruição da criatividade e capacidade intelectual de George pelas drogas.

Os boatos de que Boy George era viciado em heroína circulavam cada vez mais fortes nos tablóides britânicos, o que o levou a anunciar, durante uma entrevista histórica à revista Rolling Stone de julho de 1986, que era viciado em heroína desde 83. No mesmo mês, Boy George foi preso por porte de maconha durante uma blitz em sua casa. Poucos dias depois, o tecladista Michael Rudetski foi encontrado morto na casa de Boy George em consequência de overdose de heroína. Inconformados com a morte do filho, os pais de Michael acusam Boy George de ser o único responsável pela morte do filho.

Enquanto Boy George se tratava em uma clínica de desintoxicação para se livrar do vício de heroína, a banda ia à falência, pois diferente de outros casos, o escândalo sobre a vida do vocalista e a indignação dos pais do tecladista fizeram as vendas dos discos despencarem. Já recuperado Boy Geroge anunciou oficialmente a separação do grupo em 1987, e seguiu em carreira solo.

Marcos Vicente e Robson Leandro da Silva



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