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SHOWROOM DUMMIES
Seriados dos anos 80

Armação Ilimitada

“Juba e Lula, hooooooooo!!!!!!!!!!!” – quem não se lembra deste grito de guerra em cenas com muita ação da dupla Juba e Lula na série Armação Ilimitada???

Sua exibição na Rede Globo iniciou em meados de 1985, apenas um episódio por mês, mas o sucesso foi tão grande que não demorou muito para ser exibida semanalmente, nas noites de sexta-feira.

A Armação Ilimitada surgiu numa fase de reabertura política no Brasil, após a queda do regime militar, na qual houve uma readequação de postura na televisão brasileira. Adorada pelos oitentistas adolescentes da época, se mostrou bastante irreverente e inovadora desde o início, tanto por sua técnica, dinâmica, linguagem e conteúdo.

Temas polêmicos não faltaram na série, um forte exemplo foi o triângulo amoroso da estagiária em jornalismo Zelda Scott (Andréa Beltrão) com a dupla radical Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André de Biase).

Juba e Lula eram dois amigos cariocas que tinham uma agência de serviços: a “Armação Ilimitada”. Seus trabalhos iam desde tramas políticas até resgates em florestas e investigações ao bom estilo “James Bond” e sempre envolviam aventuras ligadas aos esportes radicais, como pilotagem, competições esportivas, motocross, mergulho, vôo livre, surf e até foram dublês de filmes.

Zelda era filha de um exilado (Paulo José), totalmente independente, sempre contava com a amiga e confidente inseparável, Ronalda Cristina (Catarina Abdalla) e trabalhava no Correio do Crepúsculo. Seu chefe (Francisco Milani) era o editor neurótico e histérico do jornal e sempre a incubia das mais estranhas reportagens. Curiosamente, o personagem não tinha um nome, era simplesmente “Chefe” e suas cenas, sempre foram representadas de acordo com o ponto de vista da Zelda. Em alguns episódios, quando ela entrava na sala dele e ele estava despachando documentos, ela o via num terreiro de macumba e vestido a caráter, fazendo um “despacho”.

FICHA

"Armação Ilimitada"
Título original: "Armação Ilimitada"

17 de maio de 1985 a 8 de dezembro de 1988 .

Criação: Euclydes Marinho, Patrícia Travassos, Nélson Motta e Antônio Calmon
Direção: Guel Arraes (1985 a 1987), Mário Márcio Bandarra (1988), Ignácio Coqueiro e Jorge Fernando
Produção: Rede Globo de Televisão
Emissoras no Brasil: Rede Globo

Elenco:

Kadu Moliterno - Juba
Andre DiBiase- Lula
Andréa Beltrão - Zelda
Jonas Torres - Bacana
Francisco Milani - Chefe
Catarina Abdala - Ronalda
Nara Gil - Apresentadora

Os três moravam no mesmo apartamento e formaram uma família quando um menino órfão começou a viver com eles, o Bacana (Jonas Torres). Um garoto incrivelmente inteligente e era a pessoa mais coerente e realista do seriado e também um tipo de secretário da agência.

A DJ Black Boy (Nara Gil) narrava e comentava com muita empolgação os episódios no decorrer da sua apresentação, ficava dentro de um studio e montava um fundo musical mixando black music nacional e internacional, sempre rolava uma trilha sonora diferente e muito legal.

Os mentores da Armação foram Kadu Moliterno e André de Biase, o diretor e ator global Daniel Filho se uniu a Antônio Calmon para realizar a série. Alguns nomes de destaque e conhecidos até hoje também escreveram os episódios, como o próprio Calmon, Euclydes Marinho, Patrícia Travassos, Nelson Motta e Mauro Rasi; para completar, a direção foi de Guel Arraes que até hoje é um dos poucos diretores que ousam algo diferente na telas.

Calmon, que havia feito os filmes "Menino do Rio" e a continuação "Garota Dourada" – André de Biasi trabalhou em ambos – assumiu a direção artística e elaborou uma mistura de video-clipes (ainda não havia MTV!!!), HQ, cinema e trilhas sonoras arrojadas.

Seus episódios sempre abordavam assuntos da sociedade brasileira com muito bom humor: “Jeca Tatu, Cotia Não” foi baseado no caipira e “Jararaca, o Cabra” inspirado no sertanejo e também algumas sátiras do cinema de Hollywood como “Jambo para Matar”, “Contatos Imediatos do Quarto Grau” e “007 Contra o Doutor Fantástico”.

A banda Paralamas do Sucesso fizeram uma participação super-especial no episódio “Hoje é Dia de Rock”, os nossos heróis recuperaram a guitarra preferida que havia sido furtada de Hebert Vianna e cantaram o hit Uns Dias.

Com tanto sucesso, não podia ter sido diferente, logo em seu primeiro ano ganhou o prêmio Ondas concedido pela Sociedade Espanhola de Rádio e Televisão de Barcelona e, é claro, virou o gibi “Juba e Lula”, seu primeiro exemplar teve o título “Operação Super-Homem”.

Não há como contestar que foi um seriado com conteúdo único, muito bem aceito pelo público infanto-juvenil porque nunca subestimou os seus espectadores com a apelação de atraí-los com cenas de sexo e violência. Os diálogos inteligentes definitivamente eram o ponto forte.

Sua apresentação foi até o final de 1988, um ano depois houve o lançamento da série “Juba & Lula” que ficou poucos meses no ar porque não conseguiu obter sucesso. Até a comemoração dos 40 anos da TV Globo tiveram várias reprises e há rumores do lançamento de um box, assim como aconteceu com outra série de muito sucesso, a “TV Pirata”… mas esta é outra estória!!!

Claudete Pereira