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Lembranças
Skate



Tony Hawk

Sabemos que o skate surgiu antes dos Anos 80, mas ele teve sua representação bem alta inclusive no Brasil seja no esporte em si, nas músicas e comportamentos.


Alguns lugares em São Paulo se destacavam no skate nos Anos 80 como a prática da modalidade “free style” no Ibirapuera, a prática nas ruas em diversos Estados do Brasil, as construções de pistas que foram cada vez mais crescentes ao passar dos anos, a modalidade “downhill “ nas ladeiras do Morumbi e na famosa ladeira da morte no bairro do Sumaré. Também podemos destacar entre os Anos 80 e 90 a Praça Rooselvet onde muitos skaters que praticavam a modalidade “street”, iam à noite ao antigo Cais, local este que podemos ler inclusive sobre a história do Projeto Autobahn neste site.

A cada modalidade já citada acima do skate mais a modalidade “vertical”, todos tinham algo em comum que era a prática do esporte em si, alguns andavam até como forma de se profissionalizar, outros apenas por diversão. Frase usada diversas vezes nos Anos 80: SK8 4FUN “Skate For Fun”. No inicio dos Anos 80 já existiam revistas especializadas em Surf que por sua vez foram colocadas matérias sobre Skate que cada vez mais era praticado no Brasil, além dos famosos “Zines” e depois revistas dedicadas totalmente ao skate, programas de rádio e televisão.

O tipo de som era variado entre essas turmas de skaters, muitos ouviam os mesmos tipos de som, já outros ouviam sons diferentes devido à modalidade praticada. Quem praticava “downhill” gostava de um som mais hardcore se assim por dizer, já no “free style” muitos sons eram ouvidos inclusive para coadjuvar com suas seqüências de manobras treinadas.



D.E.V.O. era muito ouvido entre essas pessoas, inclusive um vídeo clipe da música (Freedom of Choice) tem a participação de um dos principais skaters do mundo a divulgar o esporte (Stacy Peralta) e posteriormente ser o empresário de uma das marcas mais importantes na história mundial do skate (Powell Peralta).

Lembro até hoje em 1986 quando eu e vários amigos fomos andar todos em um local onde era chamada de “sessions” essa reunião de skaters para ir andar em algum lugar. Invadimos o estacionamento de um grande Banco no bairro da Zona Norte em São Paulo com um aparelho de som que sabe-se lá quantas pilhas aquilo usava. E no aparelho uma fita K-7 gravado o vinil do Oingo Boingo – Dead Man’s Party. E ao som da música Just Another Day e as demais da fita K-7, fizemos a nossa memorável “session” ao fim da tarde.


Bandas como T.S.O.L e New Order marcaram uma geração de skatistas em todo Brasil, pois tinham essas músicas na entrada e término de um programa de TV – Grito da Rua, um dos programas de skate mais assistidos na TV para quem praticava e quem acompanhava o skate. Enquanto tocava New Order (Ceremony) e depois T.S.O.L (Flowers by the Door). Eram os mais diversos tipos de som que disparavam nas listas dos skaters dos Anos 80. Que iam desde Alien Sex Fiend, Dead Kennedys, até Big Audio Dynamite e The Cure. Essa mistura de bom gosto originou estilo de skatistas que usavam suas roupas e comportamentos ao estilo skate punk ao estilo mais light sem assim podemos dizer. As Bandas nacionais não deixaram a desejar nesta época, destaque para Plebe Rude, Replicantes, Grinders e Inocentes que esteve presente em diversos campeonatos de skate nos Anos 80.


Danceterias eram fechadas para apresentações, ruas eram desviadas para campeonatos, muitas empresas cresceram e investiram nos atletas, já outras nem tanto. Problemas com a Prefeitura do Estado de São Paulo na época por uma proibição a prática do skate nas ruas, as famosas festinhas de bairro sempre podíamos ver alguém calçando tênis Mad Rats ou Vans, agasalhos de moletom com marcas da época e cabelos que iam desde ao estilo skin head, arrepiado e as enormes franjas que cobriam o olho.


Cena do filme De Volta para o Futuro

Muitos skaters gringos estiveram por aqui em “sessions” inesquecíveis, tais como: Christian Hosoi, Lance Mountain, Tony Hawk, Tony Magnusson, entre outros. Quando andávamos nas pistas, seja na gigante pista de São Bernardo ou as tardes na ZN Skate Parque, garotos, mas bem pirralhos mesmo andavam por lá e hoje são mundialmente conhecidos, como por exemplo: Sandro Dias e Bob Burnquist.


Sessions realizadas no Centro Cultural ao
lado da Avenida 23 de Maio

A influência do som dos anos 80 foi tão grande no skate que muitos profissionais como Steve Caballero, Tommy Guerrero, Jeff Kendal, chegaram a montar suas próprias bandas e até uma visita recente ao Brasil.

Os filmes foram vários na época, filmes mais especializados nos Anos 80 da Equipe Powell Peralta como Future Primitive e Animal Chin, o filme da Equipe Santa Cruz Street on Fire, filmes que chegaram a passar na Sessão da Tarde como Trashing e foram usados diversos skatistas em cenas dos filmes dos Anos 80, como “Alguém Muito Especial” e filmes de grande sucesso como o caso da trilogia “De Volta para o Futuro”, tendo com dublês de Michael J. Fox, os skaters Robert Schmelzer e um dos considerados melhores do mundo no estilo “freestye” o sueco Per Welinder da Equipe Powell Peralta ao qual o desenho de seu shape foi utilizado em massa nas camisas e adesivos de armários e janelas de muitas pessoas nos Anos 80.


O autor do texto Vanderlei Schiavolin
em 1986

A antiga casa Woodstock chegou a passar vídeos de skate inclusive com o skater Per Welinder em cenas de suas manobras ao som de The Cure – Why Can’t I be You. E quem não se lembra do garoto de skate no clipe do R.E.M. – It’s The End Of The World.

Até hoje skatistas novos procuram as pessoas das antigas “Galera da Old School”, nos perguntando sobre os vídeos da época, os campeonatos, as manobras e tudo isso recheado com as músicas de Dead Kennedy’s, Oingo Boingo, Agent Orange, D.E.V.O, Misfts, Mighty Lemon Drops, Sigue Sigue Sputinik, Toy Dolls e muitos outros que ouvíamos nos Anos 80 antes, durante e depois de andar de skate.



Abraços,

Vanderlei Schiavolin