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Sociedade dos Poetas Mortos

Em uma tradicional escola preparatória dos Estados Unidos, um professor nada convencional conduz uma turma de alunos numa viagem através da Literatura, onde a maior aventura que eles experimentam é a descoberta do quanto é importante simplesmente estar vivo, quanto é maravilhoso pensar por si mesmo, ousar e sonhar.

Já nas primeiras aulas, após ouvir de um quadro de ex-alunos já mortos o famoso “Carpe Diem” (na verdade, sussurrado pelo professor), depois de rasgar a introdução inteira do livro de Literatura que ensinava a medir poesia utilizando gráficos, e depois de ouvir os poemas “To the Virgins, Make Much of Time” do Robert Herrick e “Oh me, oh life” do Walt Whitman”, com as mensagens principais do Mr. Keating: o “Seize the Day”, aproveite o dia, e o “Think for Yourself”, pense por si mesmo, os alunos procuram saber mais sobre Mr. Keating, um professor diferente e apaixonante, que também havia estudado na Welton Academy, ou “Hellton”, como os alunos “carinhosamente” apelidaram a escola.

Eles descobrem no anuário do professor Keating que ele exercia inúmeras atividades quando ainda estudava lá e dentre essas “atividades extracurriculares” estava a participação na Sociedade dos Poetas Mortos, um grupo de alunos que se reunia em uma caverna indígena próxima da escola para ler poesias de grandes escritores como Walt Whitman, Byron e Shakespeare e também suas próprias criações. Eles então decidem recomeçar as reuniões na mesma caverna indígena, mesmo sabendo que esse tipo de “organização” não seria nada bem vista pela direção atual da escola, preocupada simplesmente com a entrada dos alunos nas melhores faculdades dos EUA, deixando de lado seu desenvolvimento cultural, o que demonstra muito bem o “american way”, o espírito americano, a valorização do crescimento financeiro em detrimento do desenvolvimento cultural.

Escondendo-se do inspetor de alunos e passando por cima das restrições da escola, o entusiasta e sonhador Neil Perry, o romântico Knox Overstreet, o rebelde Nwanda, ou Charlie Dalton se preferirem, os nerds Pitts e Meeks, o tímido Todd Anderson e o tradicionalista frio e puxa-saco Richard Cameron (meio que por influência dos outros) reabrem a "Sociedade dos Poetas Mortos" com um trecho adaptado de um texto de Thoreau que fala: “Fui à floresta por que queria viver deliberadamente, queria viver profundamente e sugar toda a essência da vida. Deixar apodrecer tudo o que não é vida e não, quando eu morrer, descobrir que não vivi.”

E as reuniões continuam... incentivados pelo “Carpe Diem”, Knox Overstreet se declara para sua amada Chris e Neil Perry tenta e consegue o papel de Puck na peça Sonho de uma Noite de Verão, de Shakespeare, contrariando a vontade do seu pai. Tendo sua ousadia elevada ao cubo pelo mesmo sentimento de “Carpe Diem”, Charlie Dalton, agora Nwanda, resolve colocar um anúncio no jornal em nome dos “Poetas Mortos” pedindo que fossem admitidas garotas na escola. Para complicar de vez a situação, depois da primeira apresentação de Neil no teatro, seu pai, Mr. Perry, ao descobrir que o filho não tinha obedecido suas ordens e tinha participado da peça mesmo com sua proibição, resolve tirá-lo da Welton e transferi-lo para uma Escola Militar. Desolado com a visão de mais dez longos anos longe dos seus sonhos e dos seus objetivos, sufocado pela cobrança de seu pai e pela falta de liberdade, Neil se suicida.

Delatados pelo puxa-saco e traidor Cameron, a Sociedade dos Poetas Mortos é desfeita, Nwanda é expulso da escola e o Professor Keating, bode expiatório, acusado injustamente de ter incentivado Neil a contrariar o pai dele, causando por isso sua morte trágica, é demitido.

Apesar desse final mais do que trágico, todos os alunos se transformam positivamente e são tocados pelos ensinamentos do Mr Keating. Neil chega ao extremo de preferir a morte a abrir mão da sua liberdade e dos seus sonhos. O irremediavelmente tímido Todd Anderson, desde o início um dos que mais são influenciados pelas lições de vida do Professor Keating, encontra sua voz, e lidera os outros alunos na cena final em que muitos alunos sobem nas cadeiras enquanto o Sr. Keating deixa a sala, levando suas coisas embora, ouvindo dos alunos "Oh Captain, my Captain” em sinal de respeito e agradecimento pelo que lhes foi ensinado. Essa é com certeza uma das cenas mais marcantes e emocionantes do cinema mundial de todos os tempos!

 

Os ensinamentos do Mr. Keating operam profundas mudanças naqueles garotos, assim como somos todos tocados pela magia desse filme que nos ensina a tentar sempre olhar para as situações por diversos ângulos, encontrar a nossa voz, ir atrás dos nossos sonhos e viver intensamente.

Carpe diem!

Trechos:

Mr Keating: Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana e a raça humana está repleta de paixão. E medicina, advocacia, administração e engenharia são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo. Mas a poesia, beleza, romance, amor, é para isso que vivemos.

Mr Keating: A linguagem foi desenvolvida com um propósito. Qual? Mr. Anderson, você é um homem ou uma ameba? (desistindo do tímido Todd, pergunta:) Mr Perry?
Neil Perry: Ahn... para se comunicar.
Mr. Keating: Não! Para cantar as mulheres.

Nwanda: Welton Academy, alô. Sim, ele está aqui, espere um pouco. Mr Nolan é para o senhor. É Deus. Ele está dizendo que nós deveríamos ter garotas aqui na Welton.
Mr Keating: Telefonema de Deus... ts... Agora, se fosse a cobrar, aí sim teria sido uma ousadia.

Mr Keating: Bem, temos uma necessidade enorme de sermos aceitos, mas vocês tem que acreditar que suas crenças são únicas, só suas, mesmo que os outros as achem impopulares. .. mesmo que a galera fale: Isso é r - u - i -m. Robert Frost disse: Duas estradas divergiam na floresta e eu, eu tomei a menos movimentada, e isso fez toda a diferença

Mr Keating: Carpe Diem, garotos, aproveitem o dia, façam com que suas vidas sejam extraordinárias.

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Cris Maggio

 
FICHA

"Sociedade dos Poetas Mortos"
Título original:
"Dead Poets Society"
Estados Unidos, 1989, 129 minutos.

"Ele foi a inspiração dos alunos. Fez com que suas vidas fossem extraordinárias"
"Carpe Diem"

 

Robin Williams - John Keating
Robert Sean Leonard - Neil Perry
Ethan Hawke - Todd Anderson
Josh Charles - Knox Overstreet
Gale Hansen - Charlie Dalton
Dylan Kussman - Richard Cameron
Allelon Ruggiero - Steven Meeks
James Waterston - Gerard Pitts
Norman Lloyd - Mr. Nolan
Kurtwood Smith - Mr. Perry
George Martin - Dr. Hager
Colin Irving - Chet Danburry
Alexandra Powers - Chris Noel

Peter Weir - direção

 

Um filme de Tom Schulman

Música de Maurice Jarre


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