Hall of Mirrors
Os Melhores Video-Clipes dos anos 80

New Order - Fine Time

Considerada uma das melhores bandas de todos os tempos, desde o início da década de 80 o New Order tem criado as mais incríveis músicas, com muito synth, muita poesia e muito sentimento.

Após a morte do vocalista Ian Curtis, do Joy Division, houve como se fosse uma divisão de águas com relação ao estilo da banda. Os remanescentes incorporaram muitos dos recursos tecnológicos da época, seguindo a própria paixão de Ian Curtis, fã dedicado do Kraftwerk, caminho natural do futuro da banda, uma vez que já nas últimas apresentações do Joy, todos os shows eram abertos com uma hora de músicas do Kraftwerk, antes do Joy subir ao palco, isso coincide com o momento em que a banda começa a incluir sintetizadores e teclados em seus trabalhos, no ábum Closer. O New Order seguiu a trilha e a paixão pelo Kraftwerk deixada por Ian, adotando os sintetizadores, bateria eletrônica, vocoder e afins como a base da criação sonora da banda. Isso se dá, claro, a partir do segundo álbum do New Order. São pouquíssimas as músicas entre 82 e 89 que tem o estilo do Joy.

Em 1989 foi lançado o álbum Technique, que consegue unir a profundidade das letras do Joy e a maravilha musical que é o New Order. É um álbum completo, que mistura a efervescência do Acid House, que influenciou o Trance, Breakbeat e Techno dos anos 90, e as guitarras melódicas e batidas fortes, junto a um vocal leve e teclado marcante, que seriam a base do Indie também dos 90. Enfim, é efetivamente um dos álbuns que mais inspiraram as gerações posteriores.

E uma das maravilhas desse álbum é Fine Time. Da leva de músicas do álbum Technique gravadas em Ibiza, um templo da música eletrônica, das primeiras raves, e por que não dizer, do extasy, Fine Time é uma das músicas que podem ser classificadas como Acid House, juntamente com Round and Round, Mr Disco e Vanishing Point.

O clipe foi dirigido por Richard Heslop, premiado em Cannes pelo curta “Floating”, em português, “Flutuando”. Ele dirigiu também clips do Happy Mondays, entre eles, “24 Hour Party People, Pop Will Eat Itself e The Mighty Lemon Drops, além de Unbelievable do EMF.

Foi convidado também para dirigir um clipe para a música I Was Born To Love You, em 1996, para o álbum Made in Heaven, último álbum de estúdio do Queen, após a morte de Freddie Mercury em 1991, com versões de músicas antigas, como a citada acima, e outras aproveitando gravações na voz do Freddie Mercury.

A produção do clipe de Fine Time ficou por conta de Michael Shamberg, que além de Fine Time produziu 1963, Regret, World (The Price of Love), Round & Round, Run 2, Blue Monday, Fine Time, True Faith, Touched by the Hand of God, Bizarre Love Triangle, The Perfect Kiss e Confusion, do qual também foi diretor.

A história da produção do clipe é super interessante. A princípio, a banda havia pedido para o Michael Shamberg buscar o diretor Gerard de Thame, responsável pelo clipe da bela música Wonderful Life, do Black, premiado por sua fotografia delicada, seu clima retrô em preto e branco. Gerard não gostou muito da música, mas por dirigir sempre clipes de baladas, topou assumir a direção de Fine Time. Sugeriu algo parecido com “The Thirteen Most Beautiful Women” de Andy Warhol, uma sequência de filmagem de atrizes belíssimas, em preto e branco (tal ideia apareceu posteriormente no clipe de Round and Round), mas o clipe não ficou bom, na opinião de Michael, pelo diretor Gerard de Thame não estar tão a fim de dirigi-lo.

O prazo para gravar o clipe estava terminando então Michael decidiu buscar o diretor Richard Heslop. Eles não podiam pagar muito, mas Richard já estava querendo fazer alguma coisa com o tema de Natal e daí surgiu a ideia da árvore de Natal e dos presentes. No clipe, o menino, extremamente agitado, que até mesmo toca um tecladinho imaginário nos dedos dos pés, tenta dormir, sonha abrir os presentes da árvore de Natal que está em seu quarto e desses presentes saem as imagens dos seus devaneios, numa viagem psicodélica onírica infantil, com pílulas de extasy voando pela tela. A pílula também foi posteriormente utilizada por Peter Saville na capa do single de Fine Time.

Só a título de curiosidade, uma das garotas do clipe era a namorada do diretor Richard Heslop e o garoto era filho de uma amiga dele também.

Música sensacional, clipe tão sensacional quanto a música, que mesmo não sendo a música título do álbum, tem em um de seus versos o título do álbum: Technique!

 



Cris Maggio




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