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Lembranças
Casas Noturnas Parte II


Toco
Quem curtiu os anos 80 dançando, indo nas baladas, ouvindo as músicas, etc...Sabe que uma das paradas obrigatórias era A Toco, conhecida como a maior danceteria de São Paulo, com capacidade para 4.000 (quatro mil) pessoas.
E não é para duvidar-se, quem teve o privilégio de ir pelo menos uma vez, certamente ficou embasbacado com o ambiente, o tamanho da pista, o mezanino e logicamente a alegria contagiante da galera dançando, não podemos esquecer a maior referência da danceteria, o jogo de luzes.

Eu tomei conhecimento da Toco através de uma chamada num programa de rádio (não me lembro se foi na Transamérica, Jovem Pan ou Rádio Cidade), isso precisamente em 1986, e nessa chamada foi introduzido um trecho da Música Axel F. de Harold Faltermeyer (quem não lembra do filme Um tira da Pesada?), pois é, com aquela chamada eu já fiquei pra lá de interessado, mas com apenas 14 anos não dava pra aproveitar muita coisa da noite, só que eu tinha que dar um jeito, e acabei indo na matinê mesmo...

Domingão chegou,  combinei com alguns amigos de conhecer A Toco, era praticamente a primeira vez que íamos todos numa danceteria (ou salão como costumávamos dizer), todo mundo de banhinho tomado, roupinha bonitinha, cabelinho penteadinho, e lá fomos (uma tropinha de pentelhos com a faixa etária média de 14/15 anos) conhecer A Toco. Como morávamos perto (em Itaquera) chegamos relativamente rápido para curtir a matinê; ao chegar toda a nossa expectativa foi compensada, pulamos, cantamos, foi realmente inesquecível, ainda me lembro da primeira música que abriu a tarde – I can’t Wait – Nu Shooz...


Um pouco de história
A Toco nasceu de uma iniciativa de empresários que animavam bailinhos de formatura em 1972, a idéia foi tomando corpo até que tiveram a idéia de montar uma Mega Danceteria, assim nascia a Toco, na Vila Matilde, zona leste da Capital em São Paulo.
A Toco foi a responsável pela realização de vários shows internacionais em terras brasileiras, alguns deles: Information Society, A-Ha, KC and the Sunshine Band, Queen, Technotronic e muitas outras.



Contramão
A Contramão era outra das grandes danceterias dos anos 80, estava localizada num bairro de burguês (só pra não perder o costume...), Tatuapé. Não era tão grande quanto A Toco, mas energia, alegria, vibração e curtição não faltavam na pista da Contramão. Esta foi outra danceteria que frequentei, logicamente não podia deixar de comentar a primeira música que ouvi lá – Safety Dance com Men Without Hats.

Point obrigatório para quem agitava na região da Praça Silvio Romero, a Contramão alegrou a galera durante 12 (doze) anos, de 1980 até que fechou as portas em 1992.
O ambiente era extremamente agradável, havia uma pista de tamanho médio, mas parecia maior do que era quando estava lotada, aquilo bombava, seja no sábado ou na matinê de domingo.
A Contramão foi a responsável pela realização dos shows das bandas Siouxsie and The Banshees e The Bolshoi no Brasil, apesar de não representarem exatamente o perfil da casa, esta iniciativa vale ser destacada.


Overnight
A Overnight foi outra das grandes danceterias dos anos 80 juntamente com A Toco e a Contramão, estava localizada no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo (aliás, cá entre nós, a zona leste estava muito bem servida de danceterias).

O forte da casa era a House Music, apesar de tocar todos, todos os estilos mesmo durante a festa. Talvez das três danceterias – A Toco, Contramão, Overnight – esta última fosse a menor de todas, mas devo confessar que era extremamente acolhedora e tinha um ambiente pra lá de requintado, com as paredes espelhadas, o chão todo carpetado (fora a pista), um jogo de luzes fantástico e um barzinho espetacular, e não faltavam as calças bag que eram moda entre os frequentadores.

No meio da noite, durante as festas eram exibidos vários Hits no telão, que ficava de frente à cabine do DJ, uma das características da Overnight também é que nas festas de sexta e sábado, num determinado horário, rolava uma seleção de músicas lentas e os casais aproveitavam...

Outras Danceterias

Nation
O Clube Nation ficava na Galeria América, na rua Augusta, exatamente dentro de uma galeria que funcionava de dia e à noite o porão da galeria se transformava em uma casa estilosa, e foi na Nation que a música eletrônica começou a ser tocada com mais frequência no Brasil, a casa funcionou durante 4 (quatro) anos, de 1988 até 1992. Mas mesmo durante esse curto período de tempo, marcou a vida de muitos freqüentadores. Depois do fechamento da Nation, o local chegou a abrigar o Armageddon, uma casa mais direcionada ao EBM e Gothic Rock que o nosso querido DJ Marcos Vicente tocou por várias vezes.

A Ponta
Para quem morava na Vila Formosa (bairro vizinho ao Tatuapé) havia uma opção, era a danceteria A Ponta, tratava-se de uma casa que rolava suas festas às sextas, sábados e domingo com matinês, a programação seguia a linha das grandes danceterias, tocando muito Synthpop e House Music.

Stock News
A Stock News ficava no bairro de São Mateus, zona leste de São Paulo, além de tocar os estilos dançantes tradicionais das outras casas noturnas, a Stock também primava por uma sessão de Rock no meio da noite, onde rolava AC/DC, Twisted Sister, Scorpions e outras bandas de Rock pesado.

Neon Club
O Neon Club ficava na Vila Industrial – zona leste de São Paulo. O forte da casa era o Hip Hop e o Break dos anos 80, na linha do Clube da Cidade, som pesado mesmo, para os apreciadores do estilo era uma das opções de curtir uma festa com esse gênero musical.

Latitude 3001
A Latitude 3001 chamava a atenção pela sua estrutura e apresentação externa, que era uma Caravela muito bonita situada na Avenida 23 de maio, nº 3001, zona sul de Sampa. A casa rolava o som dançante costumeiro dos anos 80, com muito Synthpop, Pop, New Wave, House e Pop Rock. Entrou para a história por trazer para São Paulo shows inesquecíveis como o da Nina Hagen, ícone da New Wave alemã nos anos 80, Capital Inicial, Barão Vermelho, etc.


Ivan Guilherme Beneri