Notorious

A-ha - Scoundrel Days


Lado A de
" Scoundrel Days "

Contra Capa de
" Scoundrel Days "

"Scoundrel Days" foi definitivo para a afirmação do grupo norueguês no cenário musical, depois do sucesso absoluto de critica e publico do álbum de estréia Hunting High and Low, que rendeu também ao trio diversos prêmios. Entre eles o de melhor clipe do ano na MTV americana para Take on Me. Capa de diversas revistas especializadas em musica, o grupo era a grande sensação no ano de 1986. Turnês em diversos paises, apresentações em vários programas de Tv pelo mundo, entrevistas, e tudo praticamente ao mesmo tempo. Os rapazes se tornaram conhecidos e reverenciados do dia para a noite, o que com certeza causou um grande desgaste e aumentou ainda mais a responsabilidade do grupo e a expectativa de todos para o que viria a seguir. Sem nenhum intervalo e na seqüência de todos esses acontecimentos os rapazes entraram em estúdio ainda em 1986 para gravar Scoundreal Days, contando mais uma vez com a produção de Alan Tarney (que já havia produzido Hunting High and Low, em parceria com Tony Mansfield e John Ratcliff, e que nos anos 70 fez parte de um grupo chamado Shadows), e agora contando também com os integrantes do próprio a-ha, Paul Waaktaar e Magne Furuholmen(ou simplesmente Mags, como é conhecido). Alem da produção Paul e Mags assinam também todas as composições. Morten Harket entra com sua voz inconfundível e extremamente marcante principalmente neste álbum com uma interpretação única e emocionante em todas as musicas. Scoundrel Days surpreende, e muito em relação a Hunting High and Low, com temas muito mais sérios, que falam de sentimentos e relações conturbadas, alem de temas sócio-politicos em letras com uma profundidade e poesia singular. É necessário ouvir faixa por faixa varias vezes em momentos diferentes, pois dependendo da situação emocional em que você se encontrar a sua visão em relação a musica e letra pode mudar. Então vamos a viagem poética, perturbadora, esclarecedora, às vezes dramática e depressiva, mas transformadora que é o álbum Scoundrel Days.

Faixa a Faixa

"Scoundrel Days". Musica que abre e dá nome ao álbum, de forma proposital, a primeira faixa mostra a mudança e a intenção do grupo neste disco. A musica começa com teclados que soam de forma sombria aumentando mais a tensão com a voz grave e apreensiva de Morten que diz: `Was that somebody screaming... It wasn´t me for sure`( Será que alguém gritou...Não fui eu por certo) a letra é intensa e expressa muitos sentimentos: de indignação aos que comandam e fazem política; de uma visão quase apocalíptica; da sensação de que o mundo esta por um fio; desabafo das injustiças de uma sociedade corrompida; de alguém angustiado que busca se libertar de um peso que carrega, e o que mais você conseguir identificar na letra maravilhosa e impactante desta musica. O refrão nos leva ao ápice de todas essas conclusões e mostra o poder da voz e interpretação sem precedentes de Morten...`And see...as our lives are in the making; We believe through the lies and the hating that love goes free through scoundrel days( E veja…enquanto nossas vidas se fazem / Acreditamos que por entre as mentiras e o ódio O amor corre livre Através dos dias de patifaria), percebemos ai um momento de esperança em todo o contexto perturbador, tenso e depressivo da letra. Acordes de violinos cortam e aumentam a tensão da musica em determinado momento, arranjos bem elaborados, tudo em perfeita harmonia, forte e marcante. Muitos consideram esta a melhor musica do grupo em todos os sentidos. Da interpretação de Morten, a letra de Paul, a musica de Mags, a produção de Alan Tarney, e tudo mais que a canção apresenta, Scoundrel Days é espetacular e única. Ouça! e cante o refrão em voz alta.

Musica: Mags e Paul Waaktaar
Letra: Paul Waaktaar
Produção: Alan Tarney
Engenheiro de som: Gerry Kichingham
Mixado por: John Hudson e Alan Turney
Arranjos cordas: Graham Prescott

"The Swing of Things". Com uma pegada mais pop, para suavizar o impacto de Scoundrel Days, teclados em evidencia e uma batida que lembra Take On Me, mas com quebras constantes de ritmo. A interpretação de Morten Harket nos vocais conduz a música. A letra mais uma vez é profunda e poética, falando de alguém desiludido, questionando a vida e suas atitudes perante ela. Em alguns trechos a idéia da perda de um amor, ou algo que se admirava. Talvez uma crise existencial. Enfim, letras complexas e que exigem muita reflexão são decorrentes nas composições de Paul e Mags neste disco do a-ha.

Letra e Musica: Paul Waaktaar
Produção: Alan Tarney
Engenheiro de som: Gerry Kichingham
Mixado por: John Hudson e Alan Tarney
Bateria: Michael Sturgis

 
FICHA

  "A-ha - Scoundrel Days"
Data de Lançamento:
1986
10 faixas, 40 minutos, aprox.

Faixa a Faixa:
01 Scoundrel Days (3:56)
02 The Swing Of Things (4:14)
03 I've Been Losing You (4:24)
04 October (3:48)
05 Manhattan Skyline (4:52)
06 Cry Wolf (4:05)
07 We're Looking For Whales (3:39)
08 The Weight Of The Wind (3:57)
09 Maybe, Maybe (2:34)
10 Soft Rains Of April (3:12)


Produzido por: Alan Tarney, Paul Waaktaar
Mixado: Alan Tarney, John Hudson
Engenheiro de Som: Gerry Kitchingham
Gravadora: Warner Bros

 


Lado B de
" Scoundrel Days "

"I' ve Been Losing You". Sem sombra de dúvida a musica de maior sucesso deste álbum, e da carreira do grupo. Uma linha de baixo marcante, guitarra em evidência, e desta vez muita forca em tons grave na voz de Morten, com a explosão do refrão cantado nos dias de hoje por um coro incontável de fãs e simpatizantes da musica...`Oh c`mon please now, (neste trecho um sutil ahhh! De Paul Waaktaar), talk to me, tell me; things a could find helpful How can i stop now... Is there nothing i can do I have lost my way I`ve been losing you ( Oh vamos, por favor agora fale comigo, diga-me coisas que eu possa achar úteis, como posso parar agora? Não a nada que eu possa fazer Eu perdi o meu rumo, estou perdendo você). A letra é complexa e chega até a ser confusa, ás vezes parece que ele está falando de uma separação em um relacionamento conturbado entre um casal, em que ele esta perdendo a pessoa amada, e em outro ponto de vista, que ele encontra-se em conflito consigo mesmo, talvez por um crime cometido, a culpa que vem a sua mente e lhe atormenta. A letra trabalha com trechos separados, imagens que confundem, mais ou menos como funciona o nosso pensar, as duvidas e os questionamentos de certo e errado. Tudo isso em poucos versos, intensos e perturbadores. Destaque para aquela paradinha de todos os instrumentos que nos da a impressão de fim, trazendo apreensão e retomando de forma forte e inesperada bateria e baixo que levam ao fim de I`ve been losing you.


Musica e Letra:
Paul Waaktaar
Produção:
Mags e Paul Waaktaar
Engenheiro de som: Gerry Kichingham
Mixado por: John Hudson e Alan Tarney
Bateria: Michael Sturgis
Guitarra Base: Leif Karsten Johansen

"October". A musica começa ao som de sinos, coração batendo e ruídos de ventania, nos passando a sensação de tranqüilidade. E assim é a canção, calma, lenta, com Morten praticamente sussurrando a letra de October, que fala de alguém que se foi e a saudade que ficou. Arranjos simples, tudo muito básico nesta musica, algo não muito comum nas produções do grupo. Um registro único.

Letra e Musica: Paul Waaktaar
Produçao: Alan Tarney
Engenheiro de som: Gerry Kichingham
Mixado por: John Hudson e Alan Tarney

"Manhattan Skyline". A musica começa suave e melódica, até a virada brusca, repentina e inesperada, com rifles pesados da guitarra de Paul Waaktaar, mostrando uma pegada mais rock` n rool dos caras. Algo realmente surpreendente e inédito nos trabalhos do grupo. Morten descarrega emoção e forca nos vocais. Mais uma vez perfeito, para uma letra que fala, de uma despedida dolorosa mais necessária. Ele precisa partir, não tem escolha, e se despede de sua amada com grande pesar, para uma nova vida um novo começo, no horizonte de Manhattan. Um trabalho marcante e único. Com certeza ninguém esperava por uma canção como Manhattan Skyline.

Musica: Mags e Paul Waaktaar
Letra: Paul Waaktaar
Produção: Alan Tarney
Engenheiro de som: Gerry Kitchingham
Mixado por: John Hudson e Alan Tarney


"Cry Wolf". Se você tem o vinil de Scoundrel Days, vamos a primeira faixa do lado B. Outra faixa de grande sucesso, Cry Wolf tem uma levada mais dançante e ganhou versões Remix e Extend produzida especialmente para as pistas de dança. Descontraída e empolgante, mas não se engane, pois a letra trata de um assunto serio e polêmico ocorrido em uma aldeia na Noruega. Em 1985, lobos circulavam em uma aldeia, causando temor nos moradores locais, que se trancavam em casa com medo de ser atacados pelos animais. Então um caçador norueguês resolveu perseguir os lobos, e acabou com todos eles, incluindo uma loba fêmea que acabara de dar a luz a mais filhotes. O caçador foi parar nos jornais exibindo os corpos dos lobos. O acontecimento gerou reações controversas. Alivio para uns, indignação para outros, tamanha á crueldade do caçador. Cry Wolf trabalha em versos com este acontecimento. A letra começa com uma frase de Lauren Savoy (esposa de Paul) `Night i left the city, I dreamt of a wolf...`( À noite eu deixo a cidade...sonhei com um lobo). Ele veio de onde os ventos são gelados/e a verdade é vista pelos buracos das fechaduras/Estranhos indivíduos que nunca dormem/agora ele vê onde o coração não bate`. Este é o começo da letra e que provavelmente faz menção ao caçador. O refrão diz: `Grite Lobo..oohh/Hora de se preocupar/Grite Lobo..oohh/Hora de se preocupar`, fala do lobo sem saída encurralado, e o seu grito é a única maneira de tentar se defender. Cry Wolf é também uma expressão empregada na historia do garoto que gritava por socorro por esta sendo atacado por um lobo, e tudo era apenas uma brincadeira. Até o dia em que um dia a brincadeira se tornou verdade e esse menino foi devorado pelo lobo. Tal acontecimento pode estar sutilmente relacionado a alguns versos da letra que diz: Ohh! você pode começar mas não pode parar/ você entra mas não pode desistir/ Você pode contar todas suas brincadeiras desesperadas/ Para o mundo que coloca seu amor na espera`. Ou ainda este mesmo trecho pode fazer menção ao aparecimento do caçador nos jornais, mostrando com orgulho o corpo dos animais mortos.
Tudo relativo e fascinante em Cry Wolf. Fato interessante, na bateria, Oystein Jevanord (companheiro de Paul e Mags no Bridges, que foi a primeira banda dos caras).

Musica: Mags
Letras: Mags e Paul Waaktaar
Produção: Alan Tarney
Engenheiro de som: Gerry Kichingham
Mixado por: John Hudson e Alan Tarney
Bateria: Oystein Jevanord

"We're Looking for the Whales". Um grito de alerta para a caça indiscriminada e sem limites as baleias na Noruega. O refrão deixa a mensagem muito clara, e diz: “Procuramos uma garotinha perplexa/procuramos as baleias”. Neste trecho repetido por varias vezes na canção, reforçado com os backin vocals de Paul e Mags, a musica cresce ainda mais, e passa uma sensação de esperança e forca, de que a situação pode ser mudada. Com bela melodia e letra mergulhada em poesia. Mais uma vez perfeita interpretação de Morten Harket nos vocais.

Music: Mags
Words: Paul Waaktaar
Produção: Alan Tarney
Engenheiro de som: Gerry Kichingham
Mixado por: John Hudson e Alan Tarney

"The Weight of the Wind". Musica bem trabalhada, com ótimos solos de teclados feitos por Mags, vocais refinados, e um discreto solo de guitarra com Paul Waaktaar. Morten sobra em personalidade nos vocais, sutil e consistente. A letra soa como um recado para alguém que precisa se libertar para viver o amor. “Você quer perder – o peso do vento - que pesado descansa em seus ombros/ Te curvando/ aquele que você ama nunca Será encontrado”, diz o refrão da música, tudo muito subjetivo, poético e deslumbrante.

Letras e Musica: Paul Waaktaar
Produção: Alan Tarney
Engenheiro de Som: Gerry Kichingham
Mixado por: John Hudson e Alan Tarney

"Soft Rains of April". Com certeza a musica mais melancólica do álbum. Arranjos trabalhados de forma excepcional por Mags no piano. Morten canta e expressa a letra com profundidade e verdade de quem vivenciou a situaçao, que fala de saudade da terra natal. Provavelmente devido o trio ter passado anos a fio na Inglaterra tentando a sorte na carreira longe de seu país, a Noruega. “Alguém em casa agora/Estou no telefone, Oh eu gostaria de voltar/Esta chovendo em casa/Estou tão só”, neste trecho da letra fica evidente o sentimento de uma saudade arrebatadora e que leva a melancolia e depressão, que domina a musica e é fortalecida nos arranjos e melodia. Introspectiva e profunda, palavras que definem bem Soft Rains Of April, e fecham o álbum com personalidade.

Musica: Mags e Paul Waaktaar
Letra: Paul Waaktaar
Produção: Mags e Paul Waaktaar
Engenheiro de som: Gerry Kichingham
Mixado por: John Hudson e Alan Tarney
Bateria: Michael Sturgis.

Scoundrel Days é considerado por muitos como o melhor álbum do trio norueguês A-ha. Apesar de gostar muito de todos os álbuns lançados pelo grupo, principalmente dos mais recentes, Scoundrel Days continua insuperável. Ouça e constate o fato. Grande abraço a todos.

Sandro Moraes