Notorious
Trilha Sonora Original do Filme Blade Runner - Vangelis

Contra Capa da Versão Vinil

A década de 80 se destaca no cinema, principalmente pelas inesquecíveis trilhas sonoras, seleções inesquecíveis como A Garota de Rosa Shocking (New Order, Smiths, Echo, OMD, INXS) e Amores Eletrônicos (Culture Club, Heaven 17, Human League) ou em trilhas próprias de um único artista para marcar cenas históricas dos filmes. E com o maior cult da história do cinema não poderia ser diferente. Evangelos Odysséa Papathanassíu, ou simplesmente Vangelis para encurtar, o gênio grego das trilhas sonoras mais premiadas da época (premiado com Carruagens de Fogo, Missing - O Desaparecido e com o próprio Blade Runner). Vangelis foi realmente impecável. Tudo pensando estrategicamente, com certeza estudou muito o script do filme para montar a trilha, muito bem feita e calculada para cada cena inesquecível, deve também ter se atentado ao livro, o lance dos sintetizadores forte no livro (os teclados e notas que mudam o comportamento e influenciam até na sua disposição, aparecem na música do Vangelis, embora Ridley Scott não tenha incluído no filme). Digna de um maestro dos sintetizadores.

O filme em si já era o enigma da humanidade em 82, quando a direção da Warner resolveu mudar boa parte do filme colocando pensamentos para Deckard (Harrison Ford), aliás pensamentos até usados em um plágio feio e deslavado da Rede Globo em um episódio do Você Decide, mas isso é outra história. A Warner dava uma cara mais humana para Deckard. Só em 92 o enigma foi desfeito, quando saiu finalmente a versão do diretor sem cortes e sem os pensamentos do Harrison Ford. A Warner justificou com uma frase absurda a retaliação da idéia original do diretor e do autor do livro "o herói não podia não ser um humano", e assim tentou aliviar a mudança da primeira edição. De qualquer forma foi lançada finalmente também a trilha original com o Vangelis, e não a primeira versão que saiu com as mesmas músicas, mas um pouco mais orquestradas sobre os sintetizadores, a versão que todos sonhavam só foi ser lançada junto com a versão do diretor, (será que eles já esparavam um dia lançar a versão do diretor e colocar a versão oficial só nesse relançamento?).

Além de inteiramente feita nos sintetizadores essa versão trouxe os samples do filme, as falas, os momentos inesquecíveis, como quando o Deckard conhece a Rachel (cena que seria lembrada por toda eternidade pelos fãs de cinema de todo o mundo), ou mesmo uma das cenas mais clássicas, quando Roy Batty está morrendo e descreve o que viu nas estrelas e que ficarão perdidos como lágrimas na chuva. A genialidade do Vangelis vai tão longe que inclui essas falas em cada música central que foi usada exatamente na mesma cena em que toca a música no filme, para dar a sensação de Deja Vu ao ouvinte, para relembrar exatamente da cena, apenas pela sua própria mente. Gênio!


Lado A da Versão Vinil


Faixa a Faixa:

1 - Main Titles
Já começa a trilha com o sample da cena da análise da foto de um replicante (aliás dezenas de bandas tiraram seus nomes desse filme, além de ser o filme que mais usaram trechos da história da música), essa cena que ficou histórica virando até propaganda do Pomarola aqui no Brasil. A repercursão do filme foi tão grande que até propagandas de TV, seriados, bandas e outros filmes usaram centenas de referências. Esse computador do futuro que aparece na música, que responderia a ordens de comando sem necessidade de teclados e mouses, já está sendo usado em alguns lugares, já usei um desses em uma Feira de Informática... um problema que na verdade também é uma vantagem, o computador tem que acostumar com o tom de voz e comandos do usuário, ele só responde bem com o próprio dono. Muito interessante, uma pena que comercialmente ainda não seja interessante para as empresas.

2 - Blush Response

Um momento tenso e muito importante do filme, a primeira conversa de Rachel e Deckard, o teste de empatia que ele tem que usar nela, a fala vai acabando e os sintetizadores vão subindo na música, entrando baterias quase acidentais, seguidos por teclados mais fortes, como se estivesse te levando a uma viagem sideral, maravilhosa, cena e música em um único feeling...

 
FICHA

"Blade Runner - Original Motion Picture Soundtrack"
Data de Lançamento:
2003
Número de Faixas: 12
Estilo: Trilha Sonora
Tempo Aproximado: 56 minutos

Faixa-a-Faixa:

01. Main Titles 3:42
02. Blush Response 5:47
03. Wait For Me 5:27
04. Rachel's Song 4:46
05. Love Theme 4:56
06. One More Kiss, Dear 3:58
07. Blade Runner Blues 8:53
08. Memories Of Green 5:05
09. Tales Of The Future 4:46
10. Damask Rose 2:32
11. Blade Runner (End Titles) 4:40
12. Tears In The Rain 3:00



Gravadora: Não Tem

 

3 - Wait For Me
Saxofone e sintetizadores em uma combinação ideal para uma música sensual, enquanto as falas da Rachel são reproduzidas como sussurros, inspiradora...


Lado B da Versão Vinil

5 - Love Theme
Mais uma vez a combinação Sax e sintetizador se unem em uma combinação ideal para a noite perfeita, sensual, apaixonante, uma das pérolas dos anos 80. Você quer uma trilha sonora ideal para a noite perfeita? Coloque essa música no repeat. É a song mais famosa do filme aqui no Brasil, além de tocar bastante no rádio e em várias propagandas, foi usada como a trilha de amor de Cybill Shepherd e Bruce Willis no seriado A Gata e o Rato, e acabou virando a música do seriado aqui no Brasil.

7 - Blade Runner Blues
Seguindo o mesmo clima de Wiat for Me, desta vez sem os samples, e mais carregada no sax, um misto de blues e new age com um apelo jazzístico...


Primeira Versão da Trilha

11 - Blade Runner (End Titles)
Principal música do filme, uma demonstração fenomenal de como fazer uma música de sintetizadores baseada em conceitos de música clássica (assim como os membros do Kraftwerk, Vangelis também se formou em clássica), com geniais timbres, sonoridades arrepiantes, as cenas do filme vem à tona a cada nota, maestria no comando dos sintetizadores, com direito a acelerações, percursões quase acidentais, multiplicação de timbres...

12 - Tears In The Rain
Para encerrar a trilha uma das cenas mais tristes e apaixonantes da história do cinema. Time to die... Vida e morte se entrelaçando como um cobra comendo a si mesma, uma viagem sideral, começando com as palavras de Roy Batty ao morrer, descrevendo tudo que viu, uma despedida melancólica e ao mesmo tempo intrigante, em que o andróide demonstra um infinito amor pela vida, não apenas a dele, mas a de qualquer um... uma trilha para refletir...


Marcos Vicente