Notorious

DE REPENTE 35...

DISCOS QUE COMPLETAM 35 ANOS EM 2019

Entrando no clima da comemoração especial deste sábado no Autobahn celebrando o aniversário de alguns dos principais da história da música, vamos relembrar esses discos que fizeram a trilha sonora das nossas vidas. Hora de relembrar discos históricos lançados em 1984 e que comemoram 35 anos na festa deste sábado!

Alphaville - Forever Young
Formado na Alemanha no início da década de 1980, o Alphaville é apenas um dos grupos mais importantes do gênero synthpop, sendo frequentemente lembrados e citados pelo seu álbum de estreia, o sensacional Forever Young, de setembro de 1984. Nessa época, a banda tinha Marian Gold nos vocais, Bernhard Lloyd nos teclados e programação e Frank Mertens nos teclados. Sim, basicamente o Alphaville era uma banda de teclados e voz. E isso é MUITO lindo por diversos motivos, entre eles a harmonia entre esse instrumental e a voz marcante e apaixonada de Marian e suas letras poéticas que deixava bonito até o mais pesado tema (e se reparar bem, tem uns temas pesados nas letras desse álbum).

Forever Young rendeu os singles de Big In Japan, Sounds Like a Melody, Victory Of Love, The Jet Set e a canção-título. E embora a banda tenha lançado outros álbuns, nenhum deles é tão conhecido quanto esse, que teve um desempenho muito expressivo, tanto em seu país de origem (onde atingiu o terceiro lugar nas paradas) quanto em outros lugares da Europa. Nos EUA, o álbum só começou a ter reconhecimento em 1988, quando foi relançado para acompanhar a chegada de uma coletânea de singles da banda. Nessa ocasião, Forever Young chegou a posição número 65 da Billboard Hot 100.

Madonna - Like A Virgin
Like A Virgin - Depois do sucesso do seu primeiro disco lançado em 1983 a futura rainha da música pop estava pronta para dar o próximo passo e assim dominar o mundo. Como a gravadora não quis lhe dar a produção do disco, Madonna escolheu Nile Rodgers como produtor principalmente por conta do seu trabalho com David Bowie. Like A Virgin foi o primeiro álbum de Madonna na Billboard 200 e estabeleceu o recorde de ser o primeiro disco de uma artista feminina da história a vender mais de 5 milhões de cópias nos Estados Unidos.

É claro que os maiores destaques ficam por conta da faixa-título, "Material Girl" e Dress You Up" que formam a tríade perfeita e são para levar qualquer pista abaixo. "Into the Groove" da trilha do filme Procura-se Susan Desesperadamente foi incluída na versão do disco lançada em 1985 fora da América do Norte. "Angel", "Over and Over" e "Love Don't Live Here Anymore" também trazem ótimos momentos.

Talk Talk - It's My Life
1984 pode ser considerado um dos anos-chave para o synthpop e a new-wave e vocês poderão comprovar isso com facilidade ao observar essa lista. O Talk Talk foi uma banda inglesa formada em 1981. Em fevereiro de 84 eles lançaram o álbum It's My Life, que foi um tremendo sucesso em diversos países da Europa, principalmente Suíça, Holanda e Alemanha, onde ficou entre os cinco primeiros colocados nas paradas. A canção-título é um dos maiores sucessos comerciais da banda, mas nesse álbum também temos músicas incríveis, tais como os singles Such a Shame e Dum Dum Girl.

O Talk Talk encerrou suas atividades em 1991, deixando uma ótima obra pop, além de alguns álbuns mais experimentais, que influenciaram o que seria chamado atualmente de pós-rock. Em 2003, a banda americana No Doubt regravou a música It's My Life para uma coletânea de singles. Isso ajudou a apresentar o Talk Talk para uma nova geração.

O vocalista Mark Hollis, também fundador da banda, faleceu em fevereiro desse ano (2019) aos 64 anos nos deixando órfãos de seu talento e criatividade.

Bronski Beat - The Age of Consent
É o álbum de estréia da banda lançado pela London Records em outubro de 1984. É também o único disco a contar com Jimmy Somerville que saiu da banda em 1985. Esse disco clássico já abre com a espetacular "Why" que aborda o preconceito anti-gay e Jimmy dá um verdadeiro show com a sua voz maravilhosa. "It Ain't Necessarily So" vem na sequencia e traz o coral masculino gay de Londres, The Pink Singers. Com certeza o grande destaque de The Age of Consent fica mesmo por conta de "Smalltown Boy" que aborda a homofobia, a solidão e a incompreensão da família. A experiência de ser jovem e gay em meados dos anos 80 era bem diferente do que acontece hoje, quando as pessoas mal tocavam em assuntos como homofobia.

Com certeza, o Bronski Beat foi um dos pioneiros a tocar no assunto de forma tão clara e objetiva. O disco ainda traz diversas pérolas como as músicas "Screaming", "No More War" e "Need-a-Man Blues". Encerrando The Age of Consent em grande estilo temos o medley de "I Feel Love / Johnny Remember Me" que é a combinação da música da rainha da disco, Donna Summer com a música de John Leyton. E mais uma vez Jimmy aparece com uma performance impecável, mostrando para o mundo uma das melhores vozes da década de 80. É o tipo de disco obrigatório e perfeito do começo ao fim e que obviamente não pode faltar na sua coleção.

Human League - Hysteria
O quarto álbum de estúdio da banda britânica foi lançado em maio de 1984 e veio na sequência do estrondoso sucesso de Dare (de 1981).

Embora não tenha obtido o mesmo sucesso do trabalho anterior (o que realmente era algo muito difícil), Hysteria rendeu três singles (The Lebanon, Life On Your Own e Louise) e obteve um bom desempenho nas paradas em diversos países. Nos EUA a divulgação acabou sendo bem fraca, mas mesmo assim, o álbum entrou na parada da Billboard, atingindo a 62° posição.

Considerado um trabalho mais experimental, o Human League usou muitas guitarras e baixos nesse álbum, fugindo um pouco dos teclados e sintetizadores tão característicos do synthpop. Isso gerou algumas críticas, mas também elogios pela coragem de tentar algo diferente. Os bastidores das gravações foram bem problemáticas, o que acabou rendendo o nome do álbum. Uma divertida ironia com a estressante rotina de gravação em um estúdio.

Thompson Twins - Into The Gap
Quarto trabalho de estúdio da banda inglesa de new-wave/synthpop formada em 1977, Into The Gap foi lançado em fevereiro de 1984 e traz o maior sucesso comercial já gravado por eles, o hit absoluto Doctor Doctor. Mas o álbum tem outras maravilhas espalhadas entre as suas nove composições, muitas delas flertando deliciosamente com o new romantic de Duran Duran, como Day After Day e No Place For The Wicked. Além de bonitos e estilosos, Tom Bailey, Joe Leeway e Alannah Currie tinham um timing musical maravilhoso, que nessa ocasião estava no auge e rendeu um apanhado de canções pop que beiram a perfeição (e não estou exagerando).

Além de Hold Me Now e Doctor Doctor, este álbum teve mais três singles: Sister Of Mercy, The Gap e You Take Me Up. Into The Gap é considerado o maior sucesso comercial da banda (que encerrou as suas atividades em 1993) ficando durante três semanas seguidas no topo das paradas do Reino Unido e chegando em 10° lugar no Top 200 da Billboard USA.

Queen - The Works
O décimo primeiro álbum de estúdio do Queen foi lançado em fevereiro de 1984. Um disco que traz mudanças na sonoridade da banda, com elementos eletrônicos em "Radio Ga Ga" e também no hit "I Want to Break Free" que são os dois maiores sucessos comerciais de The Works. A sua turnê foi um grande sucesso no mundo todo com apresentações marcantes na primeira edição do festival Rock In Rio em janeiro de 1985 e no festival Live Aid no mesmo ano, naquela que é considerada a melhor apresentação ao vivo do Queen. "Tear It Up", "It´s a Hard Life" e "Hammer to Fall" também valem uma conferida, trazendo toda a versatilidade do Queen passeando por diversos gêneros musicais.

Bananarama - Bananarama
O segundo disco das britânicas atingiu a posição de número 16 no Reino Unido. "Cruel Summer" abre o disco em grande estilo e também foi incluída na trilha do filme Karate Kid. Trazendo faixas mais maduras como "Rough Justice" e "King of the Jungle", o álbum foi bem recebido em vários países como Holanda, Suiça e Estados Unidos, onde alcançou o Top 40.

A Flock of Seagulls - The Story of a Young Heart
É o terceiro disco da banda e último a contar com a sua formação original, pois o guitarrista Paul Reynolds saiu logo após o seu lançamento. Foram lançados três singles para as músicas "Never Again (The Dancer)", "The More You Live, The More You Love" e "Remember David". As 3 faixas são excelentes e mostram que o A Flock é muito mais do que o seu maior sucesso "I Ran".

Embora o álbum tenha recebido críticas mornas na época e esteja longe de ser um arrasa-quarteirão, é um bom disco e que traz grandes momentos como nas músicas "European (I Wish I Was)" e "Over My Head".

The Cars - Heartbeat City
Em março de 1984, a banda americana The Cars lançava o seu quinto trabalho de estúdio, o álbum Heartbeat City. Surgida no final dos anos 70 e liderada pelo vocalista e letrista Ric Ocasek, esta banda ficou bastante conhecida no Brasil por causa da balada romântica Drive, que é desse álbum e sempre aparece em alguma coletânea de hits românticos dessa época. o álbum Heartbest City teve boa aceitação no mercado e rendeu dois singles: a própria Drive e You Might Think (que ganhou a premiação de melhor videoclipe do ano no primeiro MTV Awards, conseguindo bater Thriller e Girls Just Wanna Have Fun).

Ultravox - Lament
A banda britânica Ultravox já estava bem consolidada no mercado fonográfico quando lançou, em abril de 1984, o seu sétimo álbum de estúdio, o Lament. Liderado pelo vocalista Midge Ure, a banda seguia nesse momento com algo mais pop e acessível, mas ainda sim carregado de influências que misturavam elementos do pós-punk e o new romantic com o synthpop característico deles. O resultado foi excelente e rendeu para a banda o certificado de ouro pela venda de mais de cem mil discos no Reino Unido.

Lament rendeu três ótimos singles, entre eles, o maior sucesso comercial da banda, a linda "Dancing With Tears In My Eyes".

Os outros singles foram das músicas "One Small Day" e "Lament". Este foi o último álbum gravado pelo baterista original Warren Cann, que saiu da banda para se dedicar a uma carreira solo. Considerado um músico muito talentoso, Warren retornaria ao Ultravox em 2012 para gravar o álbum Brilliant, que marcou o retorno da formação original da banda.

OMD - Junk Culture
A banda britânica Orchestral Manoeuvres In The Dark (OMD para os íntimos) não estava muito em paz com a sua gravadora, a Virgin Records, pois o extraordinário álbum "Dazzle Ships", de 1983 não foi bem recebido pela crítica nem pelo público em geral, sendo considerado experimental demais, rebuscado e pouco acessível. Andy McCluskey, Paul Humphreys e companhia acabaram cedendo a pressão... mas nem tanto assim. Em abril de 1984 eles lançaram "Junk Culture", seu quinto trabalho de estúdio, cuja faixa de abertura é basicamente instrumental! Apesar de trazer mais elementos pop nesse álbum, que renderam músicas divertidas e dançantes, o OMD tem um natural entusiasmo para as experimentações. Com certeza isso tirou o sono de muito executivo da gravadora. "Junk Culture" teve quatro singles: Tesla Girls, Locomotion, Never Turn Away e Talking Loud and Clear e é considerado, nos dias de hoje, um dos trabalhos mais relevantes dos anos 80.

Malcolm McLaren - Fans
O músico, compositor e empresário britânico Malcolm McLaren foi um dos caras que, lá nos anos 70, fez com que o punk-rock crescesse e aparecesse. Altamente criativo e antenado no que estava sendo produzido na música, ele se juntou com o produtor Stephen Hague (que já trabalhou com New Order e Pet Shop Boys) e lançou o álbum "Fans", que mescla adaptações de peças de ópera (como Carmen, Madam Butterfly e Turandot) com o R'n'B e o technopop da época. O resultado é inusitado e altamente criativo. Infelizmente, este trabalho nunca teve o reconhecimento que merecia, sendo considerado uma excentricidade musical. Não caiam nessa e procure ouvir, sem julgamentos e pré-conceitos, essa pequena obra de arte dos anos 80...

Culture Club - Waking Up With the House On Fire
Esse é o terceiro disco dos britânicos lançado em de outubro de 1984. A primeira faixa "Dangerous" é maravilhosa, mas que acabou não sendo lançada como single. "The War Song" acabou sendo o primeiro single lançado pela banda desse disco e que vendeu muito bem nos Estados Unidos e também no Reino Unido. O disco acabou não indo tão bem e foi considerado na época fraco comparado ao seu antecessor, o espetacular Colour By Numbers. Até mesmo a banda admitiu na época que o disco foi feito as pressas e a superexposição do grupo na mídia podem ter contribuído para o seu fracasso.

Pode-se dizer que Waking Up With the House On Fire é um disco injustiçado, pois ainda traz a ótima "Crime Time", a belíssima balada "Mistake Number 3" (o talento do Culture Club pra fazer baladas perfeitas é indiscutível, afinal essa música pode fazer uma trinca com "Love Is Love" e "Victims" pra ninguém botar defeito), "The Dive" e "The Medal Song" que também foi lançada como single e traz ótimas batidas pra quem gosta de dançar. Mesmo com tantos comentários negativos sobre esse disco, não deixe de conhecer esse clássico.

Frankie Goes to Hollywood - Welcome to the Pleasuredome Esse grandioso disco também foi lançado em outubro de 84 e como vinil duplo, mostrando que os caras não estavam para brincadeira. Tanto é que as suas vendas antecipadas atingiram mais de um milhão de cópias somente no Reino Unido, além de também alcançar o topo das paradas em países como Nova Zelândia, Suécia e Suíça. Welcome to the Pleasuredome teve seis singles no topo das paradas, igualando o feito dos Beatles com o disco Please Please Me e assim sendo os dois discos de estreia até então a ter a mesma quantidade de singles a chegar no lugar mais alto das paradas. Esse disco revolucionário traz muitas referências gays (na capa, principalmente) e ao prazer de uma forma geral.

No Brasil, "Relax" estourou nas pistas e até hoje é a música mais conhecida da banda. Porém lá fora os caras estouraram com outras músicas das quais podemos destacar a faixa-título que tem mais de treze minutos de duração, "War", "Two Tribes" (sensacional), a versão de "Born to Run" do Bruce Springsteen e "Wish (The Lads Were Here)". Abordar temas como prazer, sexo, amor e homossexualidade há 35 anos tudo combinado em um só disco também é mérito do Frankie Goes to Hollywood e da sua obra-prima que é reverenciada até os dias de hoje.

Simple Minds - Sparkle In the Rain
É o sexto disco dos escoceses e foi lançado em fevereiro de 1984 pela gravadora Virgin no Reino Unido e pela A & M nos Estados Unidos. O disco abre com a temperatura lá em cima com "Up On The Catwalk" com uma pegada roqueira e bem dançante ao mesmo tempo. O Simple Minds na época queria se tornar uma banda de estádios pronta pra dominar o mundo e por isso Sparkle In the Rain trouxe um direcionamento diferente em relação ao disco New Gold Dream.

O baterista Mel Gaynor contribuiu bastante para essa nova direção e trouxe muita personalidade para as faixas "Book of Brilliant Things" e Speed Your Love to Me". Mas o maior destaque de Sparkle In the Rain com certeza é "Waterfront" que traz o baixo em evidência e é perfeita para as apresentações ao vivo da banda.

Ainda como destaques desse disco clássico, podemos citar as músicas "East at Easter" e "C Moon Cry Like a Baby".

Limahl - Don't Suppose
É o primeiro álbum da carreira solo do Limahl, logo após deixar o Kajagoogoo, onde obteve muito sucesso com Too Shy que virou um clipe de referência nos anos 80 e alta rotação em todas as casas noturnas da década. Limahl na verdade é um anagrama do seu nome real (Hamill - Chistropher Hamill), e após desentedimentos na banda, iniciou uma maravilhosa carreira solo. Nick Beggs assumiu a banda para os álbuns seguintes do Kajagoogoo, embora com muita qualidade, não obteve o mesmo sucesso da época em que contava com Limahl nos vocais. Nesse álbum estréia o grande destaque é a maravilhosa Neverending Story, música que o Limahl compôs ao lado de Giorgio Moroder para o filme de mesmo nome (História Sem Fim).

Além desse clássico outras músicas inesquecíveis desse álbum atingiram as pistas de todo o mundo, inclusive no Brasil, nas melhores casas noturnas da noite de São Paulo. Destaque para a super envolvente Only for Love, na verdade o primeiro single do Limahl, antes mesmo de Neverending Story! Only for Love foi a grande responsável pela estréia do Limahl no topo da parada britânica! Outra que bombou nas pistas de São Paulo na época foi Too Much Trouble, inclusive chegando em alguns tops das 6 da tarde das rádios de SP (prática comum em quase todas as rádios na época, das 18h às 19h - horário nobre das rádios, tocava-se em sequência decrescente as 14 mais pedidas durante o dia, ou até 12 mais dependendo do tempo de propaganda de cada rádio).

Wham! - Make It Big
O segundo álbum da dupla contou com o maior controle de George Michael na produção e com isso, o disco foi um sucesso comercial e de crítica no mundo todo. Make It Big começa com a super animada "Wake Me Up Before You Go-Go" que é simplesmente perfeita para qualquer festa que se preze. "Everything She Wants" traz batidas um pouco mais cadenciadas e com George nos brindando com uma performance vocal esplêndida. George ainda arrasa na magnífica "Freedom" e claro na mega balada "Careless Whisper", que até hoje é tocada e muito inclusive nas rádios flashback brasileiras. "Careless Whisper" no Brasil foi apelidada de música brega por alguns e até chamada de música de motel por outros (é aquela música que todo mundo gosta e tem vergonha de admitir).

Laura Branigan - Self Control
Esta cantora e atriz americana começou sua carreira nos anos 70, como backing vocal do Leonard Cohen. Nos anos 80, já em carreira solo, teve muito sucesso com a música Gloria (de 1982). Em abril de 1984 ela lançou o seu terceiro álbum, "Self Control", que é até hoje o seu trabalho de maior sucesso em vendas. O clipe da faixa título foi dirigido pelo cineasta William Friedkin (que dirigiu os filmes Operação França e O Exorcista) e chegou a ser banido da MTV americana por seu conteúdo de insinuação sexual. Além da música Self Control, o álbum teve mais três singles: The Lucky One, Satisfaction e Ti Amo.

The Smiths - The Smiths
O álbum de estreia dos Smiths é daqueles de dar orgulho e chega a beirar a perfeição. Os caras chegaram com tudo e colocando os dois pés na porta. O disco ficou 33 semanas na parada do Reino Unido e aqui apareceu para o mundo um dos melhores quartetos da história da música. A melancólica "Reel Around the Fountain" abre essa obra-prima e que já muda de direção na sequência com a maravilhosa "You´ve Got Everything Now". Verdade seja dita, esse disco não tem uma música ruim e todas merecem destaque. Além das mais conhecidas como "This Charming Man", "Still Ill", "Hand In Glove" e "What Difference Does it Make" temos a acelerada "Miserable Lie" e a belíssima "The Hand that Rocks the Cradle". Todas as músicas foram escritas pela dupla Morrissey e Johnny Marr.

The Cure - The Top
Robert Smith sempre foi especialista em quebrar as nossas expectativas. Ele criava divertidas canções pop quando estávamos esperando álbuns góticos e sombrios; falava de morte quando a gente queria músicas de amor. Com "The Top" não foi diferente. Lançado em maio de 1984, o quinto álbum de estúdio do The Cure tem um peso absurdo, tanto na parte instrumental quanto no conteúdo das letras e sua atmosfera sombria remete muito a fase Pornography / Seventeen Seconds.

Apesar de ter obtido um bom resultado no Reino Unido (atingindo o 10° lugar), The Top ainda é considerado um disco difícil de se ouvir, não pela qualidade, mas pelos sentimentos carregados que ele desperta. Só um single foi lançado, The Caterpillar. Mas não se intimidem, "The Top" é um trabalho que vale a pena ser conhecido e apreciado. Destaque para as ótimas Shake Dog Shake, Birdman Girl e Pig In The Mirror.

The Go-Go's - Talk Show
Formada só por mulheres, a banda americana de pop rock/new wave The Go-Go's lançou o seu terceiro álbum de estúdio em março de 1984 e foi bem recebido pela crítica e pelo público, embora não seja considerado um grande sucesso comercial. "Talk Show" teve três bons singles: Head Over Heels sempre presente na pista Autobahn e o maior sucesso da banda no Brasil, cantado por milhares de fãs em seu show épico no primeiro Rock in Rio em 1985, Turn To You e Yes Or No e foi produzido por Martin Rushent (Human League, Buzzcocks, XTC, Stranglers, Altered Images).

INXS - The Swing
O quarto disco dos australianos traz como grande destaque a sua faixa de abertura, "Original Sin". Ainda faltava um bom tempo para o INXS lançar a sua obra-prima, Kick que saiu somente em 1987. Aqui, a banda ainda estava tentando se encontrar e também por outro lado dava alguns sinais do que estava por vir trazendo elementos diversos numa mistura de rock com música pop de altíssima qualidade como pode ser conferido nas faixas "I Send You a Message", "Dancing On the Jetty" e na sua faixa-título.

Echo And The Bunnymen - Ocean Rain
Considerado um dos melhores álbuns da década de 80 e o melhor da discografia dessa banda inglesa liderada por Ian McCulloch, "Ocean Rain" é o quarto trabalho de estúdio e foi lançado em maio de 1984. Com uma sonoridade muito próxima de um "rock-sinfônico", este álbum tem uma estrutura instrumental quase perfeita. E a voz maravilhosa do Ian (sem dúvidas um dos melhores vocais dessa década) contribui para transformar cada faixa em um pequeno épico musical. No Reino Unido este álbum chegou ao 4° lugar das paradas e nos EUA atingiu o 87° posição no Top 200 da Billboard. E é aqui que podemos conferir três das melhores músicas de toda a discografia da banda: Silver, Seven Seas e a esplêndida The Killing Moon.

Spandau Ballet - Parade
Lançado em 22 de junho de 1984, o disco traz a deliciosa "Only When You Leave" e "I'll Fly For You". Ambas as faixas entraram no Top 10 hits do Reino Unido. "Highly Strung" e "The Nature of the Beast" também se destacam e são ótimas para quem deseja conhecer mais a fundo a obra da banda.

Eurythmics - 1984 (For the Love of Big Brother)
Não havia melhor oportunidade para lançar o filme e o álbum (na verdade podia ser também no Brasil de 2019). O filme é baseado no livro do George Orwell escrito em 1949 que descreve uma sociedade distópica com ferrenha censura de opinião, manipulação de notíicias, mitificação de governantes, disseminação do ódio com quem pensa diferente etc. Tudo comandando pelo Big Brother, figura que tudo vê e tudo ouve, mesmo quando você está no conforto do seu quarto. Confira os comentários do filme aqui. Bom, o Eurythmics foi convidado pela Virgin Films (produtora do filme) para elaborar a trilha. E a música título do álbum, Sexcrime (Nineteen Eighty-Four) é disparada a melhor faixa do disco, usando e abusando dos sintetizadores (tudo bem isso é letra de outra música deles). Dave Stewart dá um show no instrumental, e por sua vez Annie Lennox e sua voz contagiante faz você amar ainda mais esse clássico. Dave também usa muito o sampler, como se fosse um mega remix, a própria versão original da música é recheada de samples da voz de Annie Lennox, o que só veríamos muitos anos mais tarde em Silent Morning do Noel, What's on Your Mind do Information Society (by the way, que também tirou o nome desse filme - IngSoc), excessão justa seja feita a "A Man Could Arrested" dos Pet Shop Boys, lançada no ano seguinte como b-side de West End Girls (banda que também estava anos à frente de seu tempo).

Destaque para Doubleplusgood, também recheada de samples e vários mixes vocais da Annie Lennox. Antes de encerrar indico também dar uma ouvida atenta na Room 101, fechando o álbum em grande estilo!

Tones on Tail - Pop
O único álbum dessa maravilhosa banda britânica que misturava synthpop, post punk e new wave formada pelos ex-integrantes do Bauhaus (após a saída de Peter Murphy). Esse álbum histórico nos deu maravilhas como a Go (clássico sempre presente na pista Autobahn), e a super eletrônica Perfomance, também com alta rotação na festa. Ainda há espaços para faixas mais experimentais como Real Life e Rain em 8 minutos de experimentações eletrônicas onde notamos muitos elementos do Kraftwerk (o começo é super influenciada pelo álbum Man Machine dos criadores da música eletrônica), também encontramos referências a Art of Noise, lá pelos 3 minutos da música começa a mostrar forte inflluência do 1o álbum do Human League - Reproduction e toda aquela sonoridade experimental dos primórdios do technopop britânico... essa parte dos sintetizadores é puro Human League 78-79. Em Slender Fungus vemos a forte influência do Yello (melhor banda suiça de todos os tempos e super experimental, uma espécie de Kraftwerk da Suiça, várias sonoridades de floresta e ritmos feitos com samples de voz, é como se o Tones on Tail passassem o dia inteiro ouvindo os primeiros discos do Yello antes de fazer essa música), os vocais ainda mais guturais que o Sal Solo, vocalista do Classix Nouveaux, o verdadeiro Nosferatu dos anos 80 :)

O vinil original inglês traz 3 músicas que não saíram no álbum norte-americano substituídas nos eua por singles que faziam sucesso e mais fácil assimilação para o público norte-americano que sempre teve dificuldade em assimilar cultura, arte e músicas não tão óbvias.

The Alan Parsons Project - Ammonia Avenue
É o sétimo disco de estúdio dessa banda inglesa de rock progressivo e um dos maiores sucessos de sua carreira. "Don't Answer Me" foi o seu principal single e que chegou no top 15 da Billboard Hot 100. O título do disco foi inspirado pela visita de Eric Woolfson à Imperial Chemical Industries em Billingham, Inglaterra, onde a primeira coisa que ele viu foi uma rua com quilômetros de tubos, sem pessoas, sem árvores e uma placa que dizia Ammonia Avenue. As músicas "Prime Time" e "Since The Last Goodbye" também fizeram bastante sucesso.

Weird Al Yankovic - "Weird Al" Yankovic In 3D
Segundo álbum de estúdio do músico e humorista americano Alfred Matthew Yankovic, In 3D foi lançado em fevereiro de 1984 e recebe espaço nessa lista por parodiar diversos sucessos dos anos 80, como Beat It (Michael Jackson) e King of Pain (The Police). Esse trabalho fez bastante sucesso no seu país de origem, alcançando o 17° lugar no Top 200 da Billboard.

Chris & Cosey - Songs of Love & Lust
Destaque para essa dupla britânica que foi uma das responsáveis pelas primeiras músicas eletrônicas e industriais feitas na Inglaterra, desde os anos 70, ainda no núcleo do Throbbing Gristle em 1976 ao lado de Genesis P. Orridge (que anos mais tarde ficou conhecido por ser um precursores do Acid House). Após a separação da primeira banda industrial do mundo, Chris Carter e Cosey Fanni Tutti começaram uma visionária carreira solo.

Este terceiro álbum é o mais elaborado até então, com sintetizadores tão marcantes quanto os do Kraftwerk, influenciando todas as bandas que misturariam technopop e Post Punk anos mais tarde, em suas músicas podemos ver elementos mais tarde usados no Pink Industry, Trisomie 21, Poesie Noire, Neon Judgement e Clan of Xymox, o que mostra o poder de influência da banda. Difícil escolher poucas faixas, todo o álbum é sensacional. Vou tentar destacar apenas algumas. Walking Through Heaven é simplesmente uma das maiores demonstrações de viagem sonora em que podemos embarcar, linda demais, com sintetizadores envolventes em uma das mais apaixonantes músicas instrumentais dos anos 80. Driving Blind também é essencial, Lament influenciaria bandas como o Section 25 e Cocteau Twins, ao ouvir essa música, você descobre as influências do Section e Cocteau. Talk to me é indispensável, dessa vez mais influenciados do que influenciadores, nessa música, o início é marcado por teclados muito parecidos com os usados em cenas cruciais de Fome de Viver. Enfim é um álbum pra se ouvir e se viciar do começo ao fim. Sim, já respondendo à pergunta a Cosey Fanni Tutti é aquela atriz pornô dos anos 70, que começou a tocar em cabarés como todas as bandas eletrônicas da época.

Dead Can Dance - Dead Can Dance
Este projeto liderado pelo casal australiano Lisa Gerrard e Brendan Perry se originou na cidade de Melbourne em 1981. Com referências de world music, darkwave e new age, eles lançaram o seu homônimo álbum de estreia em fevereiro de 84, carregado de um pós-punk de respeito. Destaque para a música de abertura "The Fatal Impact", que nos apresenta de imediato o talento dessa dupla (que continua em atividade até os dias de hoje).

U2 - The Unforgettable Fire
O quarto disco dos irlandeses foi produzido por Brian Eno e Daniel Lanois e lançado em primeiro de outubro de 1984. O título do disco faz referência a uma exposição de arte sobre o bombardeio atômico de Hiroshima. Com mudanças bem aparentes na direção musical do grupo em relação ao seu antecessor War de 1983, o disco traz sons bem atmosféricos como na faixa de abertura "A Sort of Homecoming" e na própria faixa-título. The Unforgettable Fire foi o responsável por trazer o maior hit da banda na época, "Pride (In the Name of Love)" e a excelente "Bad" que fala sobre vício em heroína. "MLK" é uma homenagem a Martin Luther King Jr. e "Elvis Presley and America" homenageia o rei do rock. Talvez o grande defeito de The Unforgettable Fire é ter sido lançado entre dois grandes clássicos que são War e The Joshua Tree e por isso ele acaba não sendo tão lembrado na discografia da banda.

The Pretenders - Learning To Crawl
Em janeiro de 1984 chegava as lojas o terceiro trabalho de estúdio da banda mezzo americana, mezzo inglesa The Pretenders.

Esse álbum vem depois de uma pausa de três anos, onde a vocalista e líder Chrissie Hynde teve que lidar com um casamento (o seu próprio, com o músico Jim Kerr - do Simple Minds) e a morte por overdose de dois importantes integrantes da banda (James Honeymann-Scott e Pete Farndon). Mas apesar das dores, o álbum "Learning To Crawl" tem uma atmosfera bem otimista, com ótimas letras e um instrumental muito inspirado.

Com os singles de Middle Of The Road, Back On The Chain Gang, My City Was Gone, Thin Line Between Love And Hate e 2000 Miles, este álbum alcançou o 5° lugar no Top 200 da Billboard americana e recebeu o certificado de platina pela venda de um milhão de cópias nos EUA. Hits que nunca faltam na pista Autobahn!

Chaka Khan - I Feel For You
É o quinto disco da cantora e que foi lançado pela Warner Bros. Records. A faixa-título é uma cover do Prince e traz a clássica introdução: "Ch-ch-ch-chaka-chaka-chaka Kan" com a cantora abraçando estilos como funk (o funk de verdade), rap e hip hop e se tornou o seu maior sucesso comercial entrando nas paradas de música pop, R&B e dance. A música lhe rendeu seu segundo Grammy como melhor performance vocal feminina de R&B.

Sábado é dia de celebrar os 35 anos de todos esses clássicos da música na pista mais animada de SP! Festa Imperdível





Ana Paula Santos, Ronaldo Martins e Marcos Vicente