Notorious
Plebe Rude - O concreto já rachou

 


Contra Capa do Vinil

As bandas brasilienses que viviam no meio da efervescência do rock na capital federal no início dos anos 80 viam a necessidade de fazer suas músicas embasadas em críticas sociais e políticas que eram assuntos que remetiam à cultura da sociedade brasileira naquele momento.

Com a Plebe Rude não foi diferente. Com um olhar futurista para a capital federal e com forte influência do movimento punk rock feito por bandas inglesas como o The Clash, o grupo formado por Phillipe Seabra, Gutje, André X e Jander Bilaphra, faziam do som da plebe a própria diversão, e juntamente com, O Capital Inicial e Paralamas do Sucesso, conseguiram dar a Brasília o título principal de cidade do rock.


Depois de muito destaque na cena punk rock da capital do país, com shows empolgantes, eles começaram a se apresentar em outros palcos, inclusive em diversas danceterias do eixo Rio – São Paulo. Em uma dessas apresentações, no Rio de Janeiro, encontraram com Herbert Vianna, que ajudou a divulgar a qualidade musical da plebe para todo resto do país e a partir disso, Herbert se tornou padrinho da banda. Se já não bastasse ter ajudado na divulgação da maior banda punk rock nacional de todos os tempos, Herbert também se torna produtor do primeiro álbum da banda e então em 1985, a plebe lança o seu primeiro álbum, o mini LP O Concreto Já Rachou.


Imagem da Época

Com apenas sete músicas, o álbum se tornou um clássico do rock nacional, sendo hoje considerado um dos mais importantes do rock brazuca e com um grande sucesso comercial sendo que suas 7 faixas foram executadas em rádio de todo o país, alcançando assim o disco de ouro pelo feito de 200.000 cópias vendidas.

Músicas como Até quando esperar, Proteção e Minha Renda estouraram em todo o país, sempre com letras polêmicas que também reivindicavam a liberdade de expressão , como sendo uma porta – voz de uma geração, num momento em que o país vivia um momento de uma reviravolta política com a transição do sistema da ditadura militar para o tão almejado processo democrático. Porém, tentar através da música ser um porta-voz de uma geração, não era nada fácil num tempo onde a censura imperava justamente por esse anseio de gritar liberdade através do meio musical. Canções como “Até quando esperar”, hoje em dia faz parte do repertório de diversos cantores pela atualidade da sua composição e não se tornou um hino só da Plebe Rude, mas de toda uma geração que ansiava e até hoje anseia por dias melhores.

 
FICHA

Plebe Rude - O Concreto Já Rachou
Data de Lançamento:
1985
Número de Faixas: 7
Estilo: Rock
Tempo Aproximado: 30 minutos

Faixa-a-Faixa:

01. Até Quando Esperar 4:27
02. Proteção 2:10
03. Johnny Vai À Guerra (Outra Vez) 3:30
04. Minha Renda 2:37
05. Sexo E Karatê 2:02
06. Seu Jogo 4:00
07. Brasília 2:48

Gravadora: EMI

Faixa - a - Faixa


1 - Até quando esperar:
Com uma letra genial que na verdade, nos remete a uma súplica popular através de reivindicações sociais, até quando esperar ficou durante meses nas paradas de sucesso e ainda levou a banda ao disco de ouro. Considerado o grande hino da banda, até quando esperar é uma daquelas músicas que se tornaram porta–voz de uma geração.

2- Proteção: Mais um grande feito da banda: Proteção. Mais uma letra polêmica, onde Phillipe Seabra compõe a música expondo sua posição rebelde e politizada. A letra da música conta com estrofes com críticas diretas à polícia, ao estado e a segurança como forma de protesto social.

3- Johnny Vai À Guerra: Baseada no filme Johnny vai a guerra, de Dalton Trumbo, a música trata de temas como guerra, intolerância e repressão.

4- Minha Renda: Essa música homenageia Herbert Vianna, e ressalta temas ligados ao poder do dinheiro, ao luxo, à ambição, à mídia televisiva, enfim ao apego excessivo ao dinheiro e aos bens materiais.


Capa do Single de Proteção

5- Sexo e Karatê: Nessa música foi retratado a monotonia de alguns programas de tv de forma tediosa, onde você muda de canal e não consegue se desvencilhar dos programas sempre com os mesmos temas.

6- Seu jogo: Mais uma letra inteligentíssima da plebe onde palavras como maioridade, maturidade, insegurança e angústia são exemplificadas como argumentos diante da responsabilidade de ganhar ou perder o jogo diário da vida.


7- Brasília: Uma homenagem a bela capital do país, mostrando um paradoxo da cidade ressaltando seus problemas e suas belezas, sem deixar de fazer uma crítica social e política à capital federal.

Raquel Alves