Notorious
The Smiths - Meat is Murder

 

 
FICHA

The Smiths - Meat is Murder
Data de Lançamento:
1985
Número de Faixas: 9
Estilo: Indie Rock
Tempo Aproximado: 40 minutos

Lado A
01. The Headmaster Ritual – 4:52
02. Rusholme Ruffians – 4:19
03. I Want The One I Can't Have - 3:13
04. What She Said - 2:40
05. That Joke Isn't Funny Anymore - 4:57

Lado B
01. Nowhere Fast - 2:35
02. Well I Wonder - 4:00
03. Barbarism Begins At Home - 7:00
04. Meat Is Murder - 5:05

Produtor – The Smits

Gravadora: Rough Trade

 

Lançado em 11 de Fevereiro de 1985, pela gravadora Rough Trade Records Meat is Murder é o segundo álbum de estúdio dos Smiths. Meat is Murder foi o único dos quatro discos de estúdio da curtíssima carreira da banda a atingir o topo da parada inglesa e ficar por lá por várias semanas. O álbum ainda conseguiu boas posições no Canadá, Estados Unidos, Suécia, Alemanha e Nova Zelândia. Na capa do disco, mais uma vez nem sinal da banda tornando essa sua marca registrada. Apenas a imagem de um soldado reproduzida quatro vezes e usando um capacete com o nome do disco. A imagem original pertence ao documentário chamado In The Year of The Pig de 1968 e no capacete do soldado a inscrição original é a frase: "Make War Not Love" (Faça Guerra e Não Amor).

Em relação ás músicas, Meat Is Murder dá um salto gigantesco de evolução da banda em comparação ao primeiro disco auto intitulado dos garotos de Manchester. Com a banda mais coesa e as letras geniais da dupla Morrissey/Johnny Marr, temos aqui uma grande obra-prima, que talvez com o passar do tempo tenha tido sua importância um pouco encoberta pelo disco posterior: The Queen is Dead. Morrissey e Marr nas nove faixas do disco discorrem sobre vários assuntos, apresentando seus pontos de vista e apontando para todos os lados. O disco já começa acelerado com a magnífica The Headmaster Ritual, que fala sobre a violência nas escolas de Manchester. Quem leu a biografia da banda escrita por Tony Fletcher, sabe bem como era o tratamento nas escolas daquela cidade. E para quem não leu, pode procurar pois é leitura obrigatória para todo fã de boa música.

A segunda faixa é a sensacional Rusholme Ruffians, com a sua pegada rockabilly totalmente anos 50. A sua letra mistura violência em feiras de parques de diversões e a fé de Morrissey no amor. Na sequência temos duas faixas bem roqueiras e maravilhosas que mantém o clima do disco nas alturas: I Want The One I Can´t Have e What She Said. Seus temas misturam violência, amor e morte de uma forma que apenas uma das melhores duplas de compositores da história do rock poderia oferecer.

A quinta música é a belíssima balada melancólica e depressiva That Joke Isn´t Funny Anymore. Morrissey canta com tamanha sutileza, que é quase possível sentir o seu sofrimento e a sua dor. Quem nunca se sentiu assim, não é mesmo... Ele parece implorar para alguém não fazer mais aquela piada, afinal quando as pessoas se sentem tão sozinhas parece que o único desejo delas é morrer.

A próxima faixa, Nowhere Fast traz um Morrissey político apontando sua metralhadora para a rainha, cantando que gostaria de baixar suas calças para ela. Uma faixa bem curta e acelerada com o quarteto a todo vapor.

Em mais uma balada chamada Well I Wonder, com um toque um pouco até romântico Morrissey pede e quase implora para apenas ser lembrado. Com um belíssimo instrumental, é uma música para ouvir com calma e refletir sobre a vida.

Na próxima música, Barbarism Begins At Home temos a violência doméstica abordada de uma forma nunca antes vista. Uma letra aparentemente simples, mas ao mesmo tempo forte, poderosa e muito pesada. Uma fenda na cabeça é o que você ganha por não pedir / uma fenda na cabeça por causa das coisas que você disse e uma fenda na cabeça é exatamente o que você ganha por causa de quem você é são alguns dos seus versos que parecem refletir muito do que Morrissey sofreu durante sua adolescência em casa. E nesta música temos algumas das melhores linhas de baixo do espetacular Andy Rourke.

E para encerrar o disco dando um verdadeiro xeque mate, a faixa título. Como o nome já denuncia (Carne é assassinato), aqui Morrissey simplesmente canta de forma bem direta: Esta bela criatura merece morrer, a carne que você saboreia com um sorriso é assassinato. Esta música se tornou tão importante para o Morrissey que é um defensor ferrenho do vegetarianismo e veganismo que até é hoje executada praticamente em todos os seus shows com cenas bem fortes no telão mostrando os matadouros de animais. No seu show em 2015 realizado em São Paulo no Citibank Hall foi possível ver algumas pessoas passando mal de tão pesadas que foram as cenas exibidas..

Na versão de Meat Is Murder lançada em CD, tivemos a adição de How Soon Is Now que não havia entrado no lançamento original (havia sido lançada apenas como single na época). How Soon is Now acabou tornando-se uma das músicas mais conhecidas da banda fazendo parte do set de várias casas noturnas espalhadas pelo mundo, devido aos riffs hipnóticos de Johnny Marr e a batera reta e direta de Mike Joyce.

Meat Is Murder figurou na posição de número 295 na lista da Revista Rolling Stone dos 500 melhores discos de todos os tempos e foi incluído no livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer". Um disco simplesmente obrigatório e imperdível!

Ronaldo Martins Lima