Quem não se lembra da novela Brega e Chique?

Brega & Chique foi uma novela da Rede Globo exibida no horário das 19 horas, entre 20 de abril e 7 de novembro de 1987 com 173 capítulos. Escrita por Cassiano Gabus Mendes e com direção geral de Jorge Fernando, a novela conquistou o público e foi um tremendo sucesso de audiência. A novela chegou apresentar índices superiores aos atingidos pela novela exibida no horário nobre da emissora, O Outro.

Tendo como cenário a cidade de São Paulo, a novela Brega & Chique tinha como principais personagens, Rosemere da Silva (Glória Menezes) e Rafaela Alvaray (Marília Pêra). Duas mulheres completamente diferentes, mas que tiveram suas histórias cruzadas por causa de Herbert Alvaray (Jorge Dória), empresário paulista, casado com ambas. Sua família oficial era formada por Rafaela, os filhos Ana Cláudia (Patrícia Pillar), Teddy (Tarcísio Filho) e Tamyris (Cristina Mullins), além do genro Maurício (Tato Gabus Mendes) e da sogra Francine (Célia Biar). Rafaela era uma rica e chiquérrima, sem noção alguma dos problemas do dia a dia, cheia de manias e futilidades. Morava numa mansão num bairro nove de São Paulo.

Já a segunda família de Herbert, onde era conhecido pelo nome Mário Francis, era formada por Rosemere e Márcia (Fabiane Mendonça), filha dos dois. Rosemere era uma mulher simples, pobre e totalmente brega, ou seja, o oposto da sua outra mulher. Batalhadora, morava em um bairro da periferia de São Paulo e mantinha a casa e os filhos com dificuldades – além de Márcia, era também mãe de Vânia (Paula Lavigne) e Amaury (Cacá Barrete), filhos de outro relacionamento. Rafaela e Rosemere não sonhavam se quer sobre a existência do mesmo homem na vida das duas e, por total ironia do destino, já que eram de universos completamente diferentes, acabaram se tornando amigas.

FICHA

"Brega e Chique" Abril de 1987 a Novembro de 1987 173 Capítulos. Elenco: Marcos Paulo - Luiz Paulo Nívea Maria - Zilda (Alfa III) Cássia Kiss - Silvana Cássio Gabus Mendes - Bruno Fábio Sabag - Lorival da Silva José Augusto Branco - Bellotti Patrícia Pillar - Ana Cláudia Alvaray Cristina Mullins - Tamyris Alvaray Jayme Periard - João Antonio Patrícia Travassos - Mercedes Percy Aires - Justino Célia Biar - Francine Neuza Amaral - Lucy Hélio Souto - Amadeu Paula Lavigne - Vânia da Silva Tarcísio Filho - Teddy (Teobaldo Alvaray) Tato Gabus Mendes - Maúricio Kaká Barrete - Amaurí da Silva Fabiane Mendonça - Marcinha Suzy Camacho - Rosinha Barbara Fazio - Bianca Paulo César Grande - Pedro Ângela Figueiredo - Marlie Jorge Dória - Herbert Alvaray Criador: Cassiano Gabus Mendes Direção: Jorge Fernando Emissora: Rede Globo Tema de Abertura: "Pelado" - Ultraje a Rigor

A novela começa quando Herbert, para escapar da falência, simulou a própria morte e fugiu do país, abandonando sua família legítima. Preocupado com Rosemere, ele deixou uma boa quantia em dólares para que ela e a filha pudessem se sustentar. Endividada e sem nenhuma fonte de renda, Rafaela se viu obrigada a mudar com a família para um bairro mais simples. Por coincidência, vai morar na mesma vila onde Rosemere vivia com a filha. As duas se conheceram e tornaram-se confidentes: enquanto Rosemere ensinava Rafaela alternativas para ganhar e economizar dinheiro, Rafaela dava aulas de etiqueta para a nova rica.

Além da ajuda de Rosemere, Rafaela contou com o apoio de Montenegro (Marco Nanini), secretário particular e cúmplice de Herbert. Apaixonado por Rafaela, ele estava sempre por perto e fazendo tudo para ajudá-la a sair daquela difícil situação. Juntos, Rafaela e Montenegro foram responsáveis por muitas cenas engraçadas da novela

Rosemere também tinha seu admirador: o bruto e apaixonado Baltazar (Dennis Carvalho), marceneiro do bairro.

A trama sofreu uma reviravolta quando Herbert voltou para o país depois de uma cirurgia plástica com o nome de Cláudio Serra (Raul Cortez). Ele decidiu se encontrar com suas ex-mulheres, separadamente, convidando-as para jantar fora. Durante a conversa, ele as questionou sobre Herbert e as duas falaram muito mal do respectivo ex-marido, o que chateou muito Cláudio. Mesmo assim, o conquistador decidiu se reaproximar das duas, a quem ele chamava de Alfa I (Rafaela) e Alfa II (Rosemere).

Em determinado momento da história, Rafaela e Rosemere, comentando sobre seus ex-companheiros, descobriram que os dois eram a mesma pessoa. E pior que isso, as duas descobriram também que existia uma terceira mulher na vida do Herbert: Zilda (Nívea Maria), melhor amiga de Rafaela. Depois de muita confusão, toda verdade sobre Cláudio Serra foi revelada. Ele acaba morrendo dormindo, enquanto sonhava com sua verdadeira identidade.

Rafaela, Rosemere e Zilda reconstruíram suas vidas ao lado de outros homens. Rafaela se entregou ao amor de Montenegro, Rosemere se casou com Baltazar, e Zilda, com Pedro (Paulo César Grande). Com a ajuda de Montenegro, Rafaela conseguiu passar para seu poder os dólares que Herbert guardava a sete chaves em uma conta na Suíça, e prometeu dividir a herança com Rosemere e Zilda.

Curiosidades:

- Brega & Chique - O título da novela foi escolhido por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni – então supervisor de operações da TV Globo –, após o diretor Roberto Talma contar a ele a premissa da trama.

- Marco Nanini e Marília Pêra, que viviam na novela os personagens Montenegro e Rafaela Alvaray, tinham acessos de riso na gravação de muitas cenas. A cumplicidade de longa data entre os dois atores resultava em brincadeiras e improvisos tão bons que a direção deixava que fossem ao ar assim mesmo, sem interrupção do ritmo.

- Brega & Chique marcou a volta de Marília Pêra às novelas, depois de muito tempo longe da televisão. O último trabalho da atriz na TV Globo havia sido na novela Supermanoela, exibida em 1974. Também foi a primeira vez que Marília contracenou com Glória Menezes, além da estreia de ambas em uma novela assinada por Cassiano Gabus Mendes. Nos créditos de abertura, a ordem de aparição dos nomes das duas atrizes era alternada diariamente.

Abertura:

- A abertura de Brega & Chique, criada pelo designer Hans Donner e por sua equipe, causou polêmica ao mostrar o modelo Vinícius Manne com as nádegas descobertas, ao som de Pelado, da banda Ultraje a Rigor. Inicialmente, a Censura Federal exigiu que a nudez fosse coberta com uma folha de parreira. No segundo dia de exibição da novela, a folha estava lá, escondendo o traseiro do modelo. Mesmo assim, a Censura não achou suficiente e exigiu que o tamanho da folha fosse aumentado. Após negociações, a versão original foi liberada e voltou a ser exibida como no primeiro capítulo, embalada pelo refrão “pelado, pelado, nu com a mão no bolso”.

Produção:

- Para acompanhar o ritmo de humor e dar maior agilidade à trama, a direção utilizou vários efeitos especiais, como wipe (uma varredura da tela, marcando a mudança de cena) e filó (divisão da tela para exibição de duas cenas simultâneas), além de lançar mão da animação. Segundo o diretor Jorge Fernando, algumas ideias foram inspiradas no filme Do Fundo do Coração (One From the Heart, 1982), de Francis Ford Coppola.

Figurino e Caracterização:

- A figurinista Helena Gastal conta que buscou inspiração nos anos 1920 para criar o figurino usado por Marília Pêra, caracterizado por roupas de seda e de cintura bem marcada, favorecendo o seu corpo.
- A novela popularizou as lentes de contato coloridas usadas por Rafaela (Marília Pêra) e Rosemere (Glória Menezes).