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Novelas
Mandala

Mandala é o nome de uma telenovela brasileira produzida pela Rede Globo e exibida de 12 de outubro de 1987 a 14 de maio de 1988. Foi escrita por Dias Gomes até o capítulo 35. O autor foi substituído por Marcílio Moraes, que contou com a colaboração de Lauro César Muniz, para escrever os capítulos finais da novela. Mandala foi apresentada em 185 capítulos.

A novela foi inspirada na tragédia Édipo Rei, de Sófocles, e retrata a luta do homem contra o próprio destino. A trama é ambientada no Rio de Janeiro e passa em duas fases. A primeira fase, com 16 capítulos, tem como pano de fundo a renúncia de Jânio Quadros, em agosto de 1961, e a Campanha da Legalidade, organizada para assegurar a posse de João Goulart. Nesse contexto, são apresentados os personagens Jocasta (Giulia Gam) e seu pai, o militante comunista Túlio (Gianfrancesco Guarnieri).

FICHA

"Mandala"
Outubro de 1987 a Maio de 1988
185 Capítulos, 50 min.

Elenco:

Giulia Gam - Jocasta (na 1ª fase)
Vera Fischer - Jocasta (na 2ª fase)
Gianfrancesco Guarnier - Túlio
Célia Helena - Ceres
Osmar Prado - Gerson
Taumaturgo Ferreira - Laio
Felipe Camargo - Édipo
Gracindo Júnior - Creonte Silveira
Raul Cortez - Pedro Bergman
Oswaldo Loureiro - Américo Junqueira
Ângela Leal - Mercedes Junqueira
Imara Reis - Vera
Osmar Prado - Gerson Silveira
Bia Seidl - Mariana
Paulo Gracindo - Vovô Pepê (Petronílio Silveira)
Yara Côrtes - D. Conchita
Ilka Soares - Lena

Criadores: Dias Gomes
Direção:
Ricardo Waddington e José Carlos Pieri
Emissora:
Rede Globo
Tema de Abertura: "Mitos" - César Camargo Mariano

Jocasta está com 18 anos e é estudante de Sociologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Também é filiada ao Partido Comunista Brasileiro e participa ativamente da campanha legalista ao lado do pai e de outros companheiros.

Jocasta apaixona-se por Laio (Taumaturgo Ferreira), de 25 anos. Estudante de psicologia, Laio é alienado politicamente, e vive da mesada do pai, um rico comerciante de joias. Os dois se envolvem, mas enquanto Jocasta quer viver um romance, Laio só quer viver uma aventura. Quando Jocasta descobre que está grávida, Laio vai se consultar com seu guru, Argemiro (Carlos Augusto Strazzer), para saber sobre o futuro dos dois. Argemiro lhe diz que o filho irá odiá-lo e que terá uma relação amorosa com a mãe.

Assustado com as revelações, Laio pede que Jocasta interrompa a gravidez, mas ela decide ter o filho mesmo sem a ajuda de Laio. Quando Édipo nasce, Laio arma um plano, rapta a criança e a deixa na porta de uma casa. Assim, Édipo é criado pelo casal Américo (Oswaldo Loureiro) e Mercedes (Ângela Leal).

Vinte e cinco anos se passam. Jocasta (Vera Fischer) é socióloga e empresária. Separada de Laio (Perry Sales), ela continua na busca pelo filho desaparecido. Laio é um bissexual (tem um amante na trama, Chris (Marcelo Pichi), além de, nas entrelinhas, sentir uma atração diferente pelo amigo Argemiro), ou seja, ele conseguiu se transformar em um ilustre fora-da-lei, ampliando a fortuna e os negócios do pai, o comerciante Michel Lunardo (Walmor Chagas), com o jogo do bicho e outros negócios ilegais, mas encontra em Tony Carrado (Nuno Leal Maia) seu maior rival.

Por ironia do destino, Laio e Édipo se encontram em uma estrada. Laio começa agredir o rapaz, sem desconfiar que aquele é seu filho. Os dois brigam e Édipo o empurra acidentalmente de um penhasco. Laio morre.

Tendo sido criado por Américo e Mercedes, Édipo se torna um promissor produtor de vídeo, porém com fortes poderes paranormais, o que lhe causa muitos tormentos. Vive em Brasília e namora Letícia (Lúcia Veríssimo). Incomodado com as constantes brigas com os pais e perturbado pelos estranhos poderes e fortes pressentimentos que o atormentam, Édipo decide se mudar para o Rio de Janeiro. Letícia segue com ele. Quando Letícia vai entregar uma carta de recomendação em uma empresa, Édipo vai junto. A dona da empresa é Jocasta e, pela primeira vez, mãe e filho ficam frente a frente. Jocasta e Édipo se sentem atraídos um pelo outro.

Ela oferece um emprego a ele e os dois passam a ficar cada vez mais próximos, não conseguindo evitar a atração que um sente pelo outro. Jocasta foge das investidas de Édipo, mas em determinado momento, ela cede e Édipo a beija, apaixonadamente.

Ao mesmo tempo em que Jocasta e Édipo se amam como homem e mulher, ela continua procurando por seu filho sem saber que ele está mais perto do que ela imagina. Quando, enfim, Jocasta descobre que Édipo é seu filho, ela faz de tudo para que o rapaz a esqueça. Além disso, ela quer proteger Édipo de Argemiro, pois o guru disse que se Édipo for encontrado, ele deve morrer. Jocasta também quer manter Édipo longe de Creonte (Gracindo Júnior), seu irmão. Mau-caráter, Creonte quer o lugar de Laio nos negócios, e por isso vê em Édipo um obstáculo a ser vencido.

Para fugir das investidas de Édipo, Jocasta se envolve com Pedro Bergman (Raul Cortez). Ela também é assediada por Tony Carraro, um bicheiro grosseirão, cafona e atrapalhado, e que era rival de Laio nos negócios. No final da história, Pedro percebe que Jocasta não o ama. Assim, Jocasta termina nos braços de Tony. Já Édipo descobre que Jocasta é sua verdadeira mãe. No último capítulo, Édipo e Argemiro se enfrentam, e Édipo sai vencedor.

Curiosidades:

- Mandala teve algumas cenas gravadas em Brasília.

- Mandala enfrentou uma série de problemas com a Censura Federal, que chegou a vetar a sinopse da novela, alegando que a história tratava de temas impróprios para o horário das 20h30, como incesto, uso de drogas e bissexualismo. A emissora só conseguiu que a sinopse fosse liberada após ter se comprometido a fazer alterações no original. Já com a novela no ar, a Censura voltou a atuar, proibindo um beijo entre Jocasta e Édipo. A alegação era de que a cena seria muito agressiva para os telespectadores. Após negociações, a passagem, essencial para a trama, foi finalmente liberada: como os personagens desconheciam sua condição de mãe e filho, a Rede Globo conseguiu que o beijo dos dois não fosse vetado. Os primeiros capítulos da novela tinham forte conotação política, o que também foi criticado pelos censores, e os autores foram obrigados a modificar o texto.

- Vera Fischer e Felipe Camargo viveram um romance dentro e fora da novela e acabaram se casando. A novela costuma ser bastante lembrada por esse fato.

- Apesar de todos os problemas, Mandala se tornou um sucesso, principalmente, por ser um autêntico novelão brasileiro, repleto de grandes dramas, paixões e mistérios, sem falar no excelente elenco que deu vida à história. Porém, mesmo assim, a novela nunca foi reprisada pela emissora.

Andrea Bergamo