Segunda obra escrita por Manoel Carlos a ocupar o horário nobre da TV, ”Sol de Verão” se tornou uma das novelas inesquecíveis dos anos 80. Foi exibida pela Rede Globo de outubro de 1982 a março de 1983, tendo seu fim adiantado em muitos capítulos devido a morte de seu protagonista Jardel Filho.

Manoel Carlos queria muito alcançar o público mais jovem, portanto, fez com que o drama e as questões sociais (sempre presentes em suas obras) fossem cercados de um clima de descontração e jovialidade, apostando em artistas mais novos e buscando sempre cenas de praia e curtição.

A história central é o drama vivido por Raquel (Irene Ravache), uma mulher rica e sofisticada de Petrópolis que vive um casamento estável, aparentemente feliz, porem sem sentido com seu marido Virgilio (Cecil Thiré) e decide então se separar, pois acredita que a vida ainda pode lhe trazer surpresas e novas emoções. Raquel juntamente com sua filha Clara (Débora Bloch) vai morar com sua mãe Laura (Beatriz Segall) numa vila de Ipanema onde se apaixona por Heitor (Jardel Filho), um mecânico “gente boa” que vivia cercado de amigos. Como os dois pertenciam a classes sociais diferentes, tanto a mãe de Raquel, como a irmã de Heitor são contra o namoro e acabam infernizando a vida do casal.

Começava ai a maior polêmica da novela, pois Raquel era a “mocinha” mais politicamente incorreta de todas protagonistas do autor, tanto que Manoel Carlos teve que alterar várias vezes o roteiro por causa da rejeição que o público tinha por Raquel, pois muitos não aceitavam que uma mulher rompesse um casamento teoricamente perfeito para viver novas emoções.

Como não poderia faltar, Manoel Carlos expôs um drama da sociedade e o colocou em discussão com a trama vivida por Tony Ramos que interpretava Abel, um surdo-mudo que nunca conheceu sua mãe e foi abandonado pelo pai. Ainda assim Abel era um jovem alegre e era disputado por duas jovens, Clara e Olívia que viviam aprontando para conquista-lo. Esse papel rendeu a Toni Ramos, muitos elogios, tanto da crítica, quanto do público, pois popularizou a linguagem dos surdos-mudos e despertou a consciência pela inclusão de pessoas com esse problema.

Mas o que mais marcou em “Sol de Verão” foi a morte de seu protagonista Jardel Filho na fase final da novela. Com isso muitas mudanças tiveram que ser feitas às pressas, porem, ironicamente após essa tragédia a novela atingiu sua maior audiência.

Lauro Cesar Muniz assumiu a autoria dos capítulos finais, pois Manoel Carlos não conseguiu mais escrever a novela por estar muito abalado com a morte de seu amigo pessoal Jardel Filho.

FICHA

"Sol de Verão" Outubro de 1982 a Março de 1983 179 Capítulos. Elenco: Irene Ravache Jardel Filho Tony Ramos Débora Bloch Cecil Thiré Beatriz Segall e grande elenco Criadores: Manoel Carlos Lauro César Muniz Gianfrancesco Guarnieri Direção:Roberto Talma Jorge Fernando Guel Arraes Emissora: Rede Globo Tema de Abertura: "Tô que Tô", Simone

O fim da novela foi antecipado obrigando a emissora a apresentar uma versão compacta da novela “ O Casarão”, já que sua sucessora “Louco Amor” não estava pronta. A equipe toda ficou abalada e os capítulos eram gravados pouco antes de irem ao ar.

Na novela o personagem de Jardel Filho também morreu e o tema foi tratado com discrição e leveza.

O último capítulo foi especial pela homenagem prestada a Jardel Filho com depoimentos emocionantes do elenco e a leitura de uma carta escrita por Manoel Carlos ao amigo falecido.

A trilha sonora merece destaque, a nacional trazia grandes sucessos da época como Blitz, Lulu Santos, Rádio Táxi e a internacional incluía músicas que fizeram sucesso por toda a década, tanto nas rádios como nas pistas como:
Save a Prayer - Duran Duran
Baby I Need Your Lovin’ – Carl Carlton
Situation – Yazoo
I Don’t Wanna Dance – Eddy Grant, sem contar as lentas que embalavam os romances da época como Hard To Say I’m Sorry – Chicago e Don’t Look Back – The Korgis. Vale a pena conferir a trilha inteira.

Bom, vou ficando por aqui, até a próxima!!!!