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Pet Shop Boys - Left to my Own Devices

 

FICHA

Pet Shop Boys - Left to my Own Devices
Lançamento:
Novembro de 1988
Estilo: Synthpop

Lado A
01. Left To My Own Devices (The Disco Mix) - 11:27

Lado B
01. Left To My Own Devices - 4:43
01. The Sound Of The Atom Splitting - 3:37

Produção: Stephen Lipson, Trevor Horn
Mixagem: Robin Hancock, Stephen Lipson, Trevor Horn

Gravadora - Parlophone

Uma das músicas mais fabulosas dos anos 80? “Left to my own devices” da dupla inglesa Pet Shop Boys!

Integra, nada mais nada menos, que o álbum Introspective, um dos mais perfeitos da história da música mundial. Por quê? Das 6 faixas (que possuem mais de 6 minutos cada uma) 4 são nossas conhecidas, sempre presentes e aclamadas na pista Autobahn: A própria “Left to my own devices”, Domino Dancing, Always on my Mind (eleita a melhor cover de todos os tempos pelo semanário inglês NME-New Musical Express) e It´s Alright (que tem um clipe muito fofo!)

Voltando para “Left to my own devices”! Escrita pelo próprio Neil e Chris, foi produzida por Trevor Horn e Stephen Lipson, levou seis meses para ser finalizada. Alcançou o quarto legar na parada britânica e número 8 na americana.

De tão espetacular, podemos conferir 3 versões oficiais dela mesma: a que tem no álbum, com mais de 8 minutos de pura formosura, a 7 polegadas usada no clipe (mais enxuta, com quase 5 minutos, mas não menos encantadora) e a versão de 12 polegadas (disco mix), com mais de 11 minutos de contemplação!

Podemos perceber a obra-prima musicada na versão do álbum: uma orquestra muito bem arranjada por Richard Niles e estrelada estupendamente pela soprano Sally Bradshaw dando um tom angelical à melodia.

A versão 12”, produzida por Robin Hancock, possui cerca de dois terços da duração reportando-se a uma das mais famosas composições de Debussy, o Prélude À tarde de um Fauno de 1894.

A letra dessa canção merece ser levada em conta. O título é uma expressão idiomática inglesa que significa, mais ou menos, ser forçado a confiar em si mesmo, sobre os próprios planos e habilidades. Ser deixado por sua própria conta, ser deixado sozinho, para decidir ou fazer suas próprias escolhas, sem a interferência de outra pessoa, sem qualquer ajuda. Single que também foi lançado na Argentina, que aliás lançava milhares de singles e discos desejadíssimos por aqui, sob o título traduzido para "Abandonado a mi Suerte", expressão equivalente a "abandonado à própria sorte". Durante os 80 e até hoje a Argentina é ponto turístico essencial para colecionadores de vinis, pois os preços eram mais baixos do que importar da Europa em geral, e Buenos Aires é uma cidade apaixonante. Singles de Pet Shop Boys, Depeche Mode, o maravilhoso It's my Life do Talk Talk, só foram lançados na Argentina, e o clássico disputadíssimo Substance II do New Order, que só foi lançado na Argentina (em nenhum outro país do mundo), raridade sempre garimpada nos sebos argentinos, disco raríssimo que traz todos os b-sides dos singles de Substance... Domino Dancing também foi lançado na Argentina, entre outros singles raros, o que nos garantia momentos únicos de prazer e realização ao colocar as mãos nesses singles maravilhosos.

Há um toque autobiográfico implícito. Por exemplo, muitas experiências que Neil teve durante sua infância: “gostava ficar horas e horas em um canto no jardim, se divertindo com soldados de brinquedo”. “Eu costumava saltar ao redor do jardim fingindo que eu estava em um cavalo....”. “Minha mãe costumava dizer que se preocupava com o fato de eu não ter nenhum amigo... porque eu ficava lá e vivia em um mundo de fantasia...”

Os Pet Shop Boys são também conhecidos por suas letras muito inteligentes e contextualizadas... No trecho: “Pick up a brochure about the sun / Learn to ignore what the photographer saw”, tradução: "Pegue uma brochura sobre o sol / Aprenda a ignorar o que o fotógrafo viu" - Há possibilidade de que tenha natureza ambígua, referindo-se, inocentemente, a alguma brochura científica sobre o sol, ou, ironicamente, referindo-se ao tablóide The Sun que na época publicava fofocas sobre artistas em geral e, especialmente, especulações sobre celebridades gays. Esta referência justaposta a fotógrafos sugere, fortemente, os paparazzi que as celebridades como Neil e Chris tiveram que aprender a ignorar para tentar manter discrição em face das invasões repetidas de privacidade.

“Left to my own Devices” é completa, tanto no que se refere à letra, quanto à melodia em si... Harmoniosa na composição ritmica, mas um tanto desafiadora nas suas palavras, para a vivência da personagem principal da música... Um verdadeiro espetáculo em forma musicada!

Damaris Camargo Aranha