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Tears for Fears - Everybody Wants to Rule the World

 

Uma música escrita e gravada entre uma, duas semanas. A última criação daquele álbum...
FICHA

Tears for Fears - Everybody Wants to Rule the World
Data de Lançamento:
22/03/1985
Estilo: Technopop

Lado A
01. Everybody Wants To Rule The World (Extended Version) - 5:40

Lado B
01. Everybody Wants To Rule The World (7" Version) - 4:08
01. Pharaohs - 3:42

 

Produção: Chris Hughes
Gravadora - Mercury

Uma breve definição do que poderia ser apenas mais uma música, aquela pra dar uma embromada, a quarta canção do lado B do vinil, acabou se tornando um dos maiores sucessos dos anos 80: Everybody Wants to Rule The World. A terceira faixa do disco Songs from The Big Chair, lançado em 1985, tinha tudo pra nem existir já que, como todo gênio, Roland Orzabal, em pleno verão de 1984, não queria levar aquelas descompromissadas dedilhadas em sua guitarra acústica a sério, contrariando assim Curt Smith, o produtor Chris Hughes, e até mesmo sua esposa, Caroline. Superestimando a participação desta última, enfim, ele cedeu, e assim a carreira do Tears for Fears dava seus indícios de sua explosão para além Europa.

Inicialmente denominada de “Everybody Wants to Go to War”, sua letra transmite parte do contexto que permeava aquele período, que inclusive esteve presente em outras músicas que compõem o “Songs from The Big Chair”, como Mothers Talk, Shout e Listen. Além do poder individual e dos problemas que este pode produzir, a canção é uma referência às disputas, e todos os mecanismos utilizáveis para se sair vencedor, entre Estados Unidos e União Soviética, naquele período que ficou marcado como “Guerra Fria”. Era o Tears for Fears saindo de uma fase pautada em psicanálise, conflitos familiares e existenciais, como presente no álbum anterior, The Hurting (1983), e tornando-se mais politizado, abrindo mais seus horizontes.

Seu single foi lançado no dia 22 de março de 1985, sendo o primeiro da banda a ser promovido concomitantemente no Reino Unido e Estados Unidos, fazendo-nos compreender a importância do single para o reconhecimento da banda na “América” e, consequentemente, no mundo. No mês seguinte de seu lançamento a música alcançou a segunda posição no Top 40 britânico, mas seria nos Estados Unidos seus maiores resultados: no dia 8 de junho de 1985, tornou-se número 1 na “Billboard Hot 100”, onde ficaria por duas semanas, tornou-se também primeiro lugar nas norte-americanas “Hot Dance Club Play”, “Hot Dance Music/Maxi-Singles Sales” e “Cash Box”, todas da Billboard, e nas canadenses “Chum Chart” e pela revista RPM, além de ter figurado entre as três primeiras posições na Bélgica, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia e Reino Unido.

Fato é, que em meados da década de 1980, a rádio ainda era o principal meio de se obter reconhecimento popular, sobretudo quando se fala de “internacionalização”, mas naquele período outro meio estava à pleno vapor: a MTV. Assim, adaptando-se ao contexto, no início de 1985, foi lançado o videoclipe de Everybody Wants to Rule The World, com direção do aclamado Nigel Dick. Tratando-se de Tears for Fears, um visual totalmente novo e despojado, onde Curt Smith em seu estilo new wave, rodava ruas da California com seu Austin-Healey 3000, carro esportivo dos anos 60, mesclando com tomadas deles em estúdio. O clipe tornou-se um sucesso, e ao lado de Shout, não paravam de ser reproduzidos na televisão norte-americana entre os anos de 1985 e 1986.

Com o sucesso consolidando-se cada vez mais nas rádios e TVs, o reconhecimento também veio por premiação, onde no início de 1986 a British Record Industry Trust, através do Brit Awards, coroou Everybody Wants to Rule The World como “Melhor Single” de 1985. Um dado interessante sobre a popularidade da canção, é que em maio do ano passado, no BMI Awards, a canção foi homenageada pelos 30 anos de seu lançamento, e pela incrível marca de seis milhões de reproduções em rádios pelo mundo.

Seu lado B, denominado Pharaohs, é uma instrumental adaptada da própria “Everybody Wants to Rule The World”, que contém a narração de uma notícia sob a voz de Brian Perkins, locutor da BBC Radio 4, e dono de uma das três vozes mais populares das rádios britânicas. O single saiu em versões de 7, 10 e 12 polegadas, onde além do “b-side” Pharaohs, há versões estendidas e instrumentais, além de um remix intitulado “Urban Mix”, feito pelo próprio produtor do single Chris Hughes, que acabou tornando-se o mais famoso entre os remixes.

Uma outra curiosidade sobre ”Everybody...”, foi a adaptação em 1986 para “Everybody Wants to Run The World” em prol da campanha “Sport Aid”, organizada por Bob Geldof, criador do Live Aid, realizado no ano anterior. Roland costuma dizer que acabou cedendo para tal versão, já que Bob Geldof não parava de pressioná-lo, sobretudo após não terem tocado no Live Aid. Porém, o que aconteceu, para além do lançamento do single, foi o sucesso do mesmo, alcançando a quinta posição nas paradas britânicas e quarta nas paradas irlandesas, além de um vídeo para o mesmo.


Luander Barros